Embora real atualmente, a Inteligência Artificial (AI) está bem diferente daquela retratada nos filmes. Contrária ao cenário dominador e autoritário sobre a raça humana, programas de AI estão sendo testados inclusive para salvar vidas. Recentemente, no dia 21 de setembro, o órgão regulatório dos Estados Unidos U.S. Food and Drug Administration (FDA) (equivalente à ANVISA no Brasil) autorizou a comercialização do Paige Prostate, um programa de computador que auxilia no diagnóstico de biópsias suspeitas de câncer de próstata.
O programa Paige Prostate
De acordo com os desenvolvedores, o programa é “o primeiro e único produto de patologia baseado em AI a receber a aprovação da FDA para uso em diagnóstico in vitro (IVD) na detecção de câncer em biópsias de próstata”. Isso significa que os hospitais e clínicas irão substituir seus profissionais pelo programa? Não!! Apesar de parecer que o programa realiza o trabalho completo, ele é apenas um acessório.
A análise do tecido da biópsia ainda deverá ser feita por um profissional qualificado. A implementação do programa funcionará como uma espécie de segunda opinião. Desta forma, se o algoritmo (as “regras” do programa) identificar uma região de interesse na biópsia, o profissional pode comparar com sua análise prévia. Caso o patologista tenha identificado a mesma região, o programa reforça seu diagnóstico. Caso a região tenha passado despercebida, o profissional pode reavaliar com maior cautela. Lembrando que a palavra final é do profissional humano.
Como funciona?
Como dito, o software auxilia os patologistas na detecção de áreas suspeitas em biópsias de câncer de próstata. Lâminas do tecido extraído do paciente devem ser escaneadas para se tornarem compatíveis com o programa. Feito isso, o programa compara a imagem com um banco de dados de biópsias do Memorial Sloan Kettering Cancer Center. Se a imagem analisada apresentar padrões observados em amostras tumorais, o patologista recebe um aviso do tipo: “- Ei, eu tenho um mau pressentimento sobre isso!” e pode revisar o caso.
O estudo que mostrou a eficácia do programa contou com a ajuda de 16 patologistas experientes que analisaram 527 lâminas de biópsia de câncer de próstata. As imagens foram previamente rotuladas, sendo 171 de câncer de próstata e 356 benignas. Cada patologista, sem conhecer o rótulo das imagens, devia classificá-las como tumoral ou não tumoral, de duas maneiras: com ajuda do programa Paige Prostate e sem ajuda do programa.
De acordo com o FDA, “o estudo descobriu que [o programa] Paige Prostate melhorou a detecção de câncer em imagens de lâminas individuais em 7,3%, em média, em comparação com leituras [apenas] dos patologistas, [..] sem impacto na leitura de imagens de lâminas benignas”. Em outras palavras: casos de câncer são detectados com 7,3% mais acurácia. Além disso, esta simbiose entre humano e máquina diminui (e muito) o risco de casos falso positivos e falso negativos.
A Inteligência Artificial do futuro é logo ali
Você pode ainda estar se perguntando: máquinas irão substituir os profissionais da saúde? Não há resposta certa. Há poucos anos, carros autônomos ainda eram uma realidade inatingível. O que podemos dizer é: o programa Paige Prostate, na forma como é disponibilizado hoje, não substituirá nenhum humano na tarefa de diagnóstico de câncer. Mas o futuro é incerto e o desenvolvimento de novas tecnologias para medicina utilizando AI podem mudar radicalmente o setor de saúde.
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Referências
Alexandre Otto. Artificial Intelligence Program Helps Detect Prostate Cancer. 2021.