O índice de Harvey-Bradshaw é uma escala desenvolvida para identificar o estado de atividade da Doença de Crohn. O índice é composto por 5 critérios, sendo considerado mais simples que o escore CDAI (que contém 15 critérios) e igualmente eficaz.
Veja como utilizar o Harvey-Bradshaw na prática e interpretar seus resultados na avaliação de um paciente com Doença de Crohn.
Doença de Crohn
A Doença de Crohn é uma doença inflamatória intestinal crônica que pode acometer qualquer parte do aparelho digestivo desde a boca até o ânus, lesando principalmente o íleo terminal e o cólon.
Na lesão típica há um acometimento transmural – ou seja, todas as camadas da parede intestinal. Além disso, podem ocorrer manifestações extraintestinais como: anemia, artrite, alterações oculares, dermatológicas etc.
A doença apresenta dois picos de incidência – entre 15 e 30 anos, e entre 55 e 65 anos – e mulheres são ligeiramente mais afetadas que os homens. A patologia é caracterizada por períodos de remissão e recaída. Dez anos após o diagnóstico, a probabilidade cumulativa de ter feito alguma cirurgia é de cerca de 40%.
O tipo de tratamento vai depender de diversos fatores, e para avaliar o estado de atividade inflamatória da doença, podemos utilizar o Índice de Harvey-Bradshaw.
Índice de Harvey-Bradshaw: critérios, pontuação e interpretação
O índice de Harvey-Bradshaw foi desenvolvido em 1980 e validado em 1986, e foi considerado mais simples do que o CDAI (Crohn’s Disease Activity Index). O principal objetivo do índice é auxiliar na identificação do estado de atividade inflamatória em pacientes com Doença de Crohn.
Em 2020, o Harvey-Bradshaw teve uma validação para uso autoadministrado por aplicativos móveis. Segundo os pesquisadores, a concordância entre a avaliação autoadministrada e a avaliação médica foi alta, permitindo o monitoramento remoto destes pacientes.
O índice de Harvey-Bradshaw é composto por 5 critérios – veja cada um deles, bem como a pontuação atribuída.
Embora seja um índice simples e eficaz para avaliação da Doença de Crohn, é importante destacar que alguns critérios são subjetivos, o que pode limitar a análise.
Ainda, pacientes com “desconforto” abdominal podem não relatar “dor” abdominal. Alguns escores e escalas já substituem os termos para melhor sensibilidade e especificidade.
Após responder os critérios, a interpretação se dá da seguinte maneira:
Menos de 5 pontos: paciente em remissão.
Entre 5 e 7 pontos: paciente com doença leve.
Entre 8 e 16 pontos: paciente com doença moderada.
Mais de 16 pontos: paciente com doença grave.
Em seguida, o que fazer?
Os pacientes com Doença de Crohn devem ser rigorosamente monitorados, com consultas no mínimo a cada 6 meses – para avaliar a atividade da doença e/ou outros achados. Colonoscopias são necessárias no mínimo a cada 8 anos, uma vez que os pacientes apresentam maior risco de câncer colorretal.
O tipo de tratamento depende de diversos fatores: (1) localização da doença no trato gastrointestinal, (2) gravidade da doença, (3) presença de complicações e (4) resposta à terapia medicamentosa.
O objetivo inicial é buscar a remissão da atividade da doença, para após fazer o tratamento de manutenção. Além disso, a dieta tem um papel importante no tratamento da Doença de Crohn.
Quando bem tratado, o paciente tem uma boa qualidade de vida, com um bom prognóstico em geral.
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Referências:
Harvey RF, Bradshaw JM. A simple index of Crohn’s-disease activity. Lancet. 1980 Mar 8;1(8167):514. doi: 10.1016/s0140-6736(80)92767-1. PMID: 6102236.
Vermeire S, Schreiber S, Sandborn WJ, Dubois C, Rutgeerts P. Correlation between the Crohn’s disease activity and Harvey-Bradshaw indices in assessing Crohn’s disease severity. Clin Gastroenterol Hepatol. 2010 Apr;8(4):357-63. doi: 10.1016/j.cgh.2010.01.001. Epub 2010 Jan 21. PMID: 20096379.