H1N1: revisando os principais conceitos

h1n1

Há pelo menos 400 anos, o vírus influenza vem causando epidemias a cada 2-3 anos. O vírus Influenza A/H1N1 é altamente infeccioso, e já foi responsável por diversos surtos, como a gripe espanhola de 1918 e a gripe suína de 2009. Anualmente, são milhões de pessoas infectadas no mundo e durante uma gripe sazonal, cerca de 5-15% da população mundial é infectada.

Revise os principais conceitos sobre a gripe H1N1, incluindo como identificar um paciente infectado e quando e como tratar.

H1N1, gripe espanhola e gripe suína

A gripe pode ser causada por 3 tipos de vírus: influenza A, influenza B e influenza C. O H1N1 é um subtipo de influenza A, que circula rotineiramente. É um vírus envelopado, com RNA fita simples, e cerca de 80-120 nm, com forma esférica.

Os vírus influenza A apresentam proteínas de membrana hemaglutinina e neuraminidase. São conhecidas 18 variações de hemaglutinina (H) e 11 de neuraminidase (N), e a numeração é relacionada com essas proteínas e a ordem de descobrimento. Mais de 130 combinações já foram descobertas.

Em 1918, o H1N1 foi o responsável pela gripe espanhola, uma das epidemias mais mortais da história – casou a morte de pelo menos 50 milhões de pessoas (3-5% da população na época).

Em 2009, a gripe suína foi originada da combinação de múltiplas cepas virais (suína, aviária e humana), e cerca de 1/4 da população mundial foi infectada. Nesse caso, o vírus recebeu uma nova nomenclatura (influenza A H1N1 pmd09), para diferenciá-lo do causador de gripe H1N1 sazonal.

gripe h1n1

Como identificar um paciente com H1N1?

Diferente dos resfriados, os sintomas de gripe surgem subitamente, com pico clínico após algumas horas. Os pacientes podem apresentar uma ampla variedade de sintomas, como rinorreia, tosse, redução do apetite, febre, calafrios, mialgia, dor de cabeça.

Sintomas gastrointestinais podem ocorrer, com maior frequência por H1N1 do que por outros vírus influenza. Em pacientes com síndrome gripal e episódios mais frequentes de tosse, dor muscular e sintomas gastrointestinais, influenza H1N1 deve ser considerada.

A gravidade depende da virulência da cepa e do sistema imunológico do hospedeiro. As complicações geralmente acontecem em grupos de risco, como crianças menores de 5 anos ou idosos, gestantes, imunocomprometidos etc.

gripe covid

É necessária a confirmação laboratorial da infecção viral?

Depende. De forma rotineira, não é realizada. No entanto, em algumas situações especiais, recomenda-se a identificação do agente causador da gripe. É o caso de:

  • Pacientes imunocompetentes que tenham alto risco de complicação para influenza e estejam com doença respiratória febril por mais de 5 dias.
  • Pacientes imunodeprimidos com doença respiratória febril.
  • Pacientes internados com doença respiratória febril.
  • Profissionais de saúde com doença respiratória febril.
  • Imunocompetentes e sem fatores de risco apenas para questões epidemiológicas.

 

E quais os testes possíveis?

  1. Teste de antígeno rápido: exame de triagem, com baixa acurácia. É vendido em kits. O resultado sai em cerca de 15 minutos.
  2. Imunofluorescência: exame de triagem alternativo. Resultado em algumas horas.
  3. Cultura viral: em caso de dúvida diagnóstica, a partir de swabs nasais/orofaríngeos, escarro e de lavagem broncoalveolar.
  4. Testes moleculares – PCR: padrão-ouro. Pode detectar pequenas quantidades de RNA viral, também em amostras de swabs nasais/orofaríngeos, escarro e lavagem broncoalveolar.

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Quando tratar um paciente com H1N1?

Em pacientes imunocompetentes sem fatores de risco, a doença costuma ser autolimitada, e não há necessidade de antivirais. Orientar repouso e hidratação adequada, e medidas profiláticas.

Medicamentos antivirais devem ser prescritos para casos selecionados, e o Oseltamivir (Tamiflu®) é a primeira opção. Quando for prescrito, deve ser o mais rápido possível (até 48 horas preferencialmente). Não é necessário aguardar a confirmação laboratorial.

Caso o oseltamivir leve a casos de intolerância gastrointestinal grave, alergia e resistência, podemos usar zanamivir. No entanto, é contraindicado para menores de 5 anos, pacientes com doença respiratória crônica (risco de broncoespasmo) e pacientes em ventilação mecânica (pode obstruir os circuitos do ventilador).

Independentemente de o paciente fazer uso de antiviral, medicamentos sintomáticos devem ser prescritos para aliviar os sintomas. No entanto, lembrar que não levam a cura mais rápida da infecção.

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Referências:

Jilani, T. N., Jamil, R. T., Nguyen, A. D., & Siddiqui, A. H. (2024). H1N1 Influenza. In StatPearls. StatPearls Publishing.

Hutchinson E. C. (2018). Influenza Virus. Trends in microbiology, 26(9), 809–810. https://doi.org/10.1016/j.tim.2018.05.013

 

 

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