14 de novembro – Dia Mundial do Diabetes
No dia 14 de novembro é celebrado o ‘Dia Mundial do Diabetes’. Essa data foi estabelecida em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de conscientizar sobre o impacto da doença na saúde e mortalidade da população.
Segundo dados de 2021 da IDF, no mundo, 537 milhões de adultos (entre 20 e 79 anos) têm diabetes. No Brasil, esse número chega a 15,7 milhões – 1 em cada 10 adultos.
Além dos números alarmantes, as complicações também trazem grande preocupação. Estima-se que pessoas com diabetes apresentam três vezes mais chance de desenvolver doença cardíaca, tenham uma propensão dez vezes maior de doença renal e que uma em cada três pessoas pode desenvolver algum tipo de perda de visão em decorrência da doença.
Diante desses dados, estratégias para prevenção, diagnóstico e tratamento adequados são fundamentais para controle. E, nesse processo, surge o questionamento: existe cura ou remissão para o diabetes tipo 2?
Remissão de Diabetes tipo 2 – como definir
O conceito de que o diabetes tipo 2 pode ser revertido para níveis glicêmicos normais sem uso medicamentos é cada vez mais discutido.
Em 2009, um consenso de especialistas definiu a remissão do diabetes tipo 2 como:
- Parcial – níveis glicêmicos até o limiar (incluindo pré-diabetes), sem uso de medicamentos por mais de 1 ano.
- Completo – níveis glicêmicos na faixa normal, sem uso de medicamentos por mais 1 ano.
- Prolongado – níveis glicêmicos normais sem medicamentos por mais de 5 anos.
Em 2021, um novo consenso foi publicado por 4 grandes entidades (American Diabetes Association, Endocrine Society, European Association for the Study of Diabetes e Diabetes UK).
Definiu-se como métrica para avaliar a remissão uma dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c) < 6,5% pelo menos 3 meses após a suspensão da terapia hipoglicemiante. Em caso de cirurgia metabólica, a avaliação deve ser feita 3 meses após a cirurgia e, para pacientes em que se optou apenas por intervenções no estilo de vida, a remissão deve ser avaliada após 6 meses.
A manutenção da remissão deve ser verificada por meio de testes regulares de HbA1c a cada 3 meses ou pelo menos anualmente.
O termo ‘remissão’ é utilizado para enfatizar a possibilidade de retorno da doença mesmo após um período prolongado de normoglicemia, sendo necessário vigilância contínua para recaída e complicações da doença. Ou seja, não se considera que existe ‘cura’ para o diabetes.
Fatores relacionados a remissão – Novos estudos
Um estudo recente da PLOS Medicine evidenciou que 5% dos pacientes com diabetes tipo 2 em 2019 na Escócia alcançaram remissão da doença.
O estudo mostrou que as principais características associadas a remissão foram: idade ≥ 65 anos, HbA1c mais baixa no momento do diagnóstico, pacientes que nunca usaram medicamentos hipoglicemiantes e perda de peso após o diagnóstico. Cirurgia bariátrica foi associada à remissão independentemente da perda de peso.
Conclusões
A perda de peso substancial – associada a outros fatores de bom prognóstico – está relacionada à melhora da capacidade secretora de insulina das células β e redução da resistência insulínica, podendo melhorar o controle glicêmico.
Nos casos em que o paciente mantém normoglicemia na ausência de medicações hipoglicemiantes, considera-se remissão da doença – não existe cura, uma vez que as alterações subjacentes ainda estão presentes e existe chance de recaída. Por esse motivo, os pacientes em remissão devem ser submetidos a triagem usual para complicações.
Portanto, a remissão do diabetes é possível e deve ser buscada, sendo que o maior desafio para sustentá-la é a manutenção da perda de peso e a mudança no estilo de vida.
________________________________________________________________________
Referências:
Shahrad Taheri. Defining type 2 diabetes remission: KISS goodbye to confusion?
Taylor R. Type 2 Diabetes: Etiology and Reversibility. Diabetes Care, April 2013;36(4):1047-105
Taylor et all: Substantial weight loss can reverse the processes underlying type 2 diabetes 2018.