O processo de envelhecimento é natural, porém apresenta algumas marcas características as quais evitamos ao máximo. Redução da flexibilidade e agilidade, aparecimento de rugas, flacidez da pele e perda da coloração e do volume dos cabelos.
A queda de cabelos (alopecia ou calvície) é um marco que afeta mais os homens, visto que está diretamente relacionada aos hormônios sexuais masculinos (em especial a testosterona).
O processo de perda de cabelos e dos pelos vem sendo estudado há anos por muitos pesquisadores, e a morte das células responsáveis pela produção do pelo no folículo capilar é evidente. Todavia, uma nova e curiosa descoberta pode gerar esperança no tratamento da calvície.
Como os cabelos caem?
O fio de cabelo tem três “fases de vida”: crescimento, estabilização e queda, e a maior parte está em fase de crescimento. Depois de um tempo sem crescer, o fio de cabelo cai, e outro cresce, em um processo constante de renovação.
Além do processo de senescência celular, como já mencionado, a queda de cabelo pode ser por fatores genéticos ou hormonais. Em alguns casos, infecções locais, estresse, medicamentos, traumas, carência de vitaminas ou até o hábito de arrancar os fios pode causar alopecia.
Alopecia androgenética
A alopecia androgenética é o nome dado a calvície geneticamente determinada (já vamos falar sobre esse termo), e pode atingir até 80% dos homens e 40% das mulheres em pós menopausa.
Nesse caso, os fios tendem a afinar durante o processo de renovação – ficando com um aspecto de “cabelo ralo”, pois o couro cabeludo vai ficando mais exposto.
O tratamento em geral é realizado com minoxidil e bloqueadores hormonais, para estabilizar a perda dos fios. Em homens, a finasterida é o mais utilizado, enquanto em mulheres recomenda-se o uso de anticoncepcionais, espironolactona e ciproterona.
A culpa é só dos genes?
Alguns genes já foram estudados e associados à predisposição e ao desenvolvimento da alopecia. O exemplo mais conhecido é o gene AR, que codifica o receptor de andrógeno. Tal receptor é necessário para a resposta adequada aos hormônios masculinos, como a testosterona. Uma alteração nesses receptores (resultante de mutações em AR) pode alterar a resposta à testosterona, justificando parte da queda de cabelos vista na doença.
O gene AR está presente no cromossomo X e foi o primeiro (e mais famoso) gene estudado na calvície. É por essa razão que há uma crença popular que a calvície é de origem materna e exclusivamente ligada ao X.
Embora a calvície tenha uma predisposição genética, acusar única e exclusivamente um (ou mais) gene(s) não é correto. Além da influência de diversos genes já estudados associados à calvície, fatores hormonais e ambientes também precisam ser contabilizados.
Ainda, é importante destacar que a calvície é uma das características que possui expressividade variável e penetrância incompleta. Ou seja, a manifestação da característica não depende só da presença da alteração gênica.
Um novo estudo com células-tronco: células “fujonas”?
Sabendo do processo de senescência celular, um estudo recente pretendia investigar como as células entravam em processo de morte celular durante a calvície. Entretanto, os pesquisadores evidenciaram um fato curioso: ao invés de morrerem, as células-tronco locais escapam e fogem das estruturas que as abrigam.
Isso mesmo! Elas fogem!
Ao observar fio a fio, os pesquisadores notaram que as células mudavam de formato, “se espremiam” para fora das estruturam locais e mudavam de local. A hipótese inicial era de que o sistema imunológico consumia estas células.
Intrigados com o achado, os pesquisadores se debruçaram em tentar descobrir algum mecanismo relacionado a tal processo, e encontraram dois genes: FOXC1 e NFATC1. Esses genes têm como função prender as células nos folículos, e estavam menos ativos em células de folículos mais envelhecidos.
Os pesquisadores então criaram camundongos knockout para estes genes, ou seja, com a expressão completamente suprimida deles. O resultado do experimento foi que aos 4 a 5 meses de idade, os camundongos começavam perder os pelos, sendo que aos 16 meses (meia idade para um camundongo) aparentavam ser bem mais velhos pela menor presença de pelos, e os pelos que restavam estar grisalhos.
Tais achados ainda são preliminares, uma vez que o estudo fora feito com camundongos. Entretanto, os dados encontrados são no mínimo curiosos!
Ainda é necessário que tal padrão seja observado em outros animais, para então pleitear um possível estudo em humanos. Todavia servem como um fio de esperança para os que sofrem com calvície atualmente.
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