Diagnóstico e Tratamento da Neurite Vestibular

Diagnóstico e Tratamento da Neurite Vestibular

A Neurite Vestibular é uma inflamação aguda do labirinto e/ou do ramo vestibular do nervo auditivo – que são regiões responsáveis pelo equilíbrio.

A condição é conhecida por diversos termos, incluindo “Labirintite”. No entanto, é importante ressaltar Labirintite e Neurite Vestibular são condições distintas – enquanto na primeira há perda auditiva, na segunda não há.

Veja mais sobre o que é a neurite vestibular, e como diagnosticar e tratar um paciente com esta condição.

Labirintite e Neurite Vestibular: semelhanças e diferenças

Vamos revisar: o Sistema Vestibular consiste em 3 canais semicirculares e duas saliências, o sáculo e utrículo. Cada canal semicircular termina em uma estrutura chamada “ampola” que se liga ao utrículo. O conjunto do sáculo + utrículo + ampola forma uma região chamada “Vestíbulo” (daí o nome).

Quando há uma inflamação desse sistema e/ou do ramo vestibular do nervo auditivo, haverá disfunção com alterações na sensação de movimentos e postura, o que acaba levando a diversos sinais e sintomas – vertigem, náuseas, vômitos, desequilíbrio e instabilidade de marcha.

Ainda que a neurite vestibular seja popularmente conhecida por diversos termos, incluindo “labirintite”, é importante ressaltar Labirintite e Neurite Vestibular são condições distintas.

Na neurite vestibular, há inflamação do ramo vestibular do nervo auditivo. Quando há envolvimento do labirinto, estamos efetivamente falando de labirintite, que pode causar problemas auditivos.

Diagnóstico e Tratamento da Neurite Vestibular

Como diagnosticar um paciente com Neurite Vestibular?

O diagnóstico da Neurite Vestibular é eminentemente clínico, a partir de uma história e exame físico completo (que deve incluir otoscopia).

De forma geral, temos: Tontura + Desequilíbrio + Náuseas e vômitos, de início agudo, ocorrendo em episódio único, tipicamente não recorrente e sem achados de condições centrais – como diplopia (visão dupla), disartria (distúrbios da fala) etc.

Além disso, dois pontos podem estar presentes ao exame físico: nistagmo espontâneo horizontais ou rotatórios inibidos pela fixação visual, e piora importante durante o movimento.

Diagnóstico e Tratamento da Neurite Vestibular

Na avaliação semiológica, três testes são bastante utilizados:

Teste de Romberg: pede-se para o paciente fechar os olhos e ficar com os pés e mãos juntos por 1 minuto (obviamente dando suporte para evitar acidente). Na neurite vestibular a tendência é que o paciente se desequilibre.

Teste de Rinne: realizar quando o paciente se queixar de diminuição de audição. Para isso, no lado acometido coloca-se a base de um diapasão de 512 Hz na região do mastoide, e pergunta-se para o paciente se está ouvindo um som.

Na afirmativa, coloca-se o diapasão na frente da orelha. Se o som estiver mais alto quando estiver na região do mastoide, o paciente tem perda auditiva condutiva (e outras causas devem ser pesquisadas); se o som estiver mais alto na frente da orelha a perda é neurossensorial (esperado para o caso) ou mesmo a audição pode estar normal.

Teste de Fukuda-Unterberger: paciente marcha parada no mesmo lugar de olhos fechados, a tendência é que o paciente faça uma rotação para o lado do labirinto afetado.

Exames complementares devem ser feitos na presença de dúvidas diagnósticas, e incluem: tomografia ou ressonância craniana, ressonância da região coclear, audiometria, eletrococleografia, eletronistagmografia e exames laboratoriais gerais.

tomografia Diagnóstico e Tratamento da Neurite Vestibular

Qual o tratamento da Neurite Vestibular?

Uma abordagem precoce e correta faz com que haja menores riscos de complicações, além de diminuir o tempo da afecção, melhorando o prognóstico.

Pacientes com Neurite Vestibular decorrente de infecção bacteriana devem receber o antibiótico conforme a causa subjacente.

No entanto, na maioria das situações, a causa não é evidente, o que nos leva a crer que seja uma etiologia viral. Salvo as situações em que a etiologia viral é específica com achados característico (vesículas) – como no Herpes zoster e Herpes simplex, o uso de antivirais não se faz útil.

Estudos evidenciam que o uso de corticoides para Neurite Vestibular pode encurtar o tempo da doença, além de melhorar o prognóstico.

Além do uso de corticoide, usualmente prescreve-se sintomáticos que reduzem a vertigem, a náusea e os vômitos – durante os primeiros dias de acometimento. São principalmente da classe de anti-histamínicos, que melhoram as funções labiríticas.

Uma opção ao uso de anti-histamínicos, é o uso de benzodiazepínicos. Porém, sempre que possível devem ser evitados, uma vez que causam muita sonolência.

Quando possível, uma abordagem multidisciplinar deverá ser instituída, com o auxílio de fisioterapeutas ou fonoaudiólogos, que irão oferecer a Reabilitação Vestibular – a qual consiste em uma série de exercícios que visam a recuperação da função vestibular mais rápida, melhorando assim a morbidade.

Diagnóstico e Tratamento da Neurite Vestibular

O prognóstico geralmente é bom, e apenas 1% dos pacientes apresentam recorrência

A neurite vestibular tende a ser uma condição autolimitada. A partir do início, o quadro vai piorar até o 2 – 3° dia, momento em que vai apresentar uma melhora progressiva, com resolução do quadro em poucos semanas. Eventualmente, uma “tontura residual” pode se manter presente por alguns meses, desencadeado por movimentos bruscos da cabeça.

Apenas 1 – 2% dos pacientes apresentam recorrência. Portanto, aquele paciente que “fala” que tem crises de labirintite várias vezes, na verdade tem outra condição: provavelmente Doença de Ménière.

Diagnóstico e Tratamento da Neurite Vestibular

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