Como tratar micose por Scopulariopsis / Microascus?

Scopulariopsis / Microascus

Hialohifomicose é termo amplo usado para descrever infecções causadas por hifas fúngicas septadas incolores no tecido afetado.  Dessa forma, não representa uma síndrome clínica única, sendo definida principalmente histologicamente.

Dentre os patógenos, destacam-se os Scopulariopsis, fungos oportunistas que podem ser encontrados no solo, ar, resto de plantas e até mesmo em indivíduos saudáveis. São fungos multirresistentes, e as infecções invasivas geralmente são fatais.

O antifúngico ideal depende da condição clínica do paciente e dos testes de suscetibilidade. Veja mais sobre as condições clínicas causadas por esse patógeno e como tratar os pacientes.

Scopulariopsis ou Microascus?

Fungos Scopulariopsis são hialinos e damáceos. São mitospóricos / anamorfos – ou seja, apresentam reprodução assexuada. Sua forma teleomorfa (sexuada) é conhecida como Microascus. Em muitos casos, esses nomes são encontrados como termos alternativos ou sinônimos, o que pode causar certa confusão.

A espécie mais comum é Scopulariopsis brevicaulis, e sua versão telemórfica é Microascus brevicaulis. Na maioria dos estudos, é possível encontrar tanto Scopulariopsis quanto Microascus citados como causadores de micoses em humanos.

A literatura sobre este patógeno é escassa, e ainda não foram identificados fatores de virulência relevantes. Por essa razão, a infecção em imunocompetentes é geralmente assintomática ou leve. Na presença de imunocomprometimento, o fungo pode proliferar e causar manifestações clínicas importantes.

scopulariopsis
Conidiophores (annellides) and conidia of S. brevicaulis. Imagem disponível aqui.

Onicomicose e infecções cutâneas são as principais condições clínicas

A principal condição clínica causada por fungos Scopulariopsis é a onicomicose. A condição tem apresentação clínica típica, com hiperqueratose e onicólise da lâmina ungueal distal.

Infecções de pele também são comuns, variando desde infecções superficiais até infecções cutâneas e subcutâneas profundas. A principal forma de apresentação é granulomatosa, mas também pode ocorrer edema e vermelhidão, especialmente se ao redor das mãos e dos pés.

Na maioria dos casos, as infecções são leves, ou até mesmo autolimitadas, e o prognóstico é bom se adequadamente tratado. Em pacientes imunocomprometidos, o risco de progressão com infecção invasiva é maior.

onicomicose

Infecções menos comuns e invasivas ocorrem quase exclusivamente em imunocomprometidos

Infecções menos comuns, incluem ceratite, endoftalmite e otomicose. Assim como as infecções mais comuns, em imunocompetentes as infecções são leves. No entanto, alguns casos podem ser persistentes, e em imunocomprometidos podem ser graves – por invadir tecidos profundos e causar necrose hemorrágica e infarto tecidual.

Em imunocomprometidos, como o risco de infecções invasivas é maior, podem ocorrer abscessos, endocardite, peritonite e pneumonia. As infecções invasivas geralmente são fatais.

Como tratar?

Como citamos, a onicomicose é a principal apresentação clínica. Nesses casos, deve ser realizada a remoção cirúrgica da unha, associada ao uso de antifúngicos sistêmicos. Em casos de outras infecções, a remoção cirúrgica do tecido infectado também e indicada, em associação com antifúngicos.

Na maioria dos casos, os pacientes respondem com itraconazol, voriconazol, terbinafina ou anfotericina B. No entanto, é importante reforçar: o patógeno é multirresistente. O tratamento ideal depende dos testes de sensibilidade, de realização obrigatória.

O tempo de tratamento deve ser considerado de forma individual. No entanto, em geral, é um tratamento demorado. Casos graves devem ser tratados em unidade de terapia intensiva (UTI), e a taxa de mortalidade em doenças invasivas é alta, próxima de 100%.

Como tratar micose por Scopulariopsis / Microascus?


Referências:

Pérez-Cantero, A., & Guarro, J. (2020). Current knowledge on the etiology and epidemiology of Scopulariopsis infections. Medical mycology, 58(2), 145–155. https://doi.org/10.1093/mmy/myz036

Sandoval-Denis M, et al. Scopulariopsis, a poorly known opportunistic fungus: spectrum of species in clinical samples and in vitro responses to antifungal drugs. J Clin Microbiol. 2013 Dec;51(12):3937-43. doi: 10.1128/JCM.01927-13.

Tortorano, A. M., et al. European Confederation of Medical Mycology (2014). ESCMID and ECMM joint guidelines on diagnosis and management of hyalohyphomycosis: Fusarium spp., Scedosporium spp. and others. Clinical microbiology and infection: the official publication of the European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, 20 Suppl 3, 27–46. https://doi.org/10.1111/1469-0691.12465

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