Troponinas são proteínas envolvidas na regulação da contração muscular esquelética e cardíaca. Isso é feito por meio da regulação da interação cálcio-dependente da miosina com a actina no aparelho contrátil muscular. Cada Troponina é composta de 3 subunidades:
- Troponina C (TnC): liga-se fortemente ao cálcio, para produzir uma mudança conformacional na troponina I
- Troponina T (TnT): liga-se à tropomiosina, formando um complexo troponina-tropomiosina
- Troponina I (Tnl): liga-se à actina para manter o complexo actina-tropomiosina no lugar
Resumidamente, o cálcio vai se ligar à Troponina C, o que acarreta uma mudança na configuração da proteína. Isso causa um deslocamento do complexo tropomiosina-troponina, existindo então uma interação actina/miosina, com consequente encurtamento (contração) do miócito.
De toda forma, como dito, existem troponinas tanto na musculatura esquelética quanto na cardíaca. No entanto, existem dois subtipos de troponinas cardíacas específicas: Troponina T cardíaca (cTnT) e Troponina I cardíaca (cTnI).
E por que isso é importante? Devido a extraordinária alta especificidade para danos nas células miocárdicas, essas troponinas cardíacas são muito úteis na avaliação de um paciente com dor torácica:
- Quando ocorre morte do músculo cardíaco devido a um bloqueio arterial (infarto agudo do miocárdio), essas troponinas específicas acabam “vazando” para a corrente sanguínea, aumentando seus níveis séricos, podendo ser detectadas na corrente sanguínea um tempo depois:
- Início: entre 3-6 horas da lesão miocárdica
- Pico: em 24 horas
- Normalização: em 7-14 dias
Dessa maneira, conclui-se que as troponinas cardioespecíficas apresentam alta especificidade para Síndrome Coronariana Aguda (SCA), sendo considerado o padrão-ouro no diagnóstico dessa condição.
- Outras condições cardíacas também pode elevar os níveis de troponina por mecanismos diferentes, o que inclui miocardites, trauma cardíaco (p.ex contusão, ablação), Insuficiência Cardíaca Congestiva, Hipertensão e Hipotensão (com arritmia)
- As troponinas cardíacas quase sempre serão normais em doenças musculares não cardíacas, porém principalmente em TEP (Tromboembolismo Pulmonar) e Insuficiência Renal podem elevar os níveis séricos.
Ambas situações acima geralmente cursam com valores elevados, mas próximos dos limites de referências.
- Importante ressaltar que exercícios físicos extenuantes, uso de medicamentos, traumas, injeção intramuscular etc – ao contrário dos demais marcadores de necrose cardíaca, as troponinas cardíacas raramente aumentam nessas condições.
Por fim, importante ressaltar que para a maioria das propostas clínicas, não há diferença entre solicitar a Troponina T cardíaca (cTnT) e Troponina I cardíaca (cTnI). Cada instituição usualmente utiliza uma das duas de rotina.
Quais os valores de referência das Troponinas?
- Troponina T cardíaca (cTnT): < 0,014 ng/ml
- Troponina I cardíaca (cTnI):
- 💁♂️Homens: < 19,8 pg/ml
- 💁♀️Mulheres: < 11,6 pg/ml
Obs1: Início de elevação entre 3-6 horas da lesão miocárdica; Pico: em 24 horas; Normalização: em 7-14 horas
Obs2: Para a maioria das propostas clínicas, não há diferença entre a Troponina T cardíaca (cTnT) e Troponina I cardíaca (cTnI)
Obs3: Podem existir variações nos valores de referência, especialmente na avaliação da Troponina T cardíaca, em que existem mais de 20 kits reagentes disponíveis no mercado
Observações
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Referências Bibliográficas
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