A Cromogranina A é uma proteína presente em vesículas secretoras de células neuroendócrinas (medula adrenal e outros tecidos neuroendócrinos), relacionada com a modulação secretória dessas células. Concentrações elevadas desta proteína estão associadas a Tumores Neuroendócrinos – sendo, portanto, um marcador tumoral.
Cromogranina A e os tumores neuroendócrinos
A Cromogranina A (CgA, ou secretogranina I) é uma proteína ácida presentes em grânulos cromafins (vesículas secretórias) de células neuroendócrinas (medula adrenal e outros tecidos neuroendócrinos). Funciona como precursora de peptídeos funcionais relacionados com funções autócrinas e parácrinas – em outras palavras, com a modulação secretória dessas células.
As células neuroendócrinas (onde se encontra essa proteína) podem dar origem a vários tipos de tumores neuroendócrinos, como tumores carcinoides, gastrinomas, glucagomas, etc. Assim, a Cromogranina A se correlaciona com a progressão, resposta à terapia, recorrência, tamanho da lesão e prognóstico tumoral.
Quando avaliar e quais os valores de referência?
Como citamos, utiliza-se a avaliação de Cromogranina A em pacientes com tumores neuroendócrinos, visto que essa proteína tem relação com a progressão tumoral e a resposta à terapia proposta. Dentre os tumores associados, destacam-se: tumores carcinoides (TGI) e tumores neuroendócrinos pancreáticos, como gastrinomas, VIPomas, somatostatinomas, glucagonomas.
Embora a sensibilidade para o diagnóstico dos tumores neuroendócrinos seja alta, a especificidade acaba sendo baixa, uma vez que outras condições podem cursar com o aumento da cromogranina A sérica – como insuficiência renal, insuficiência hepática, gastrite atrófica etc.
Desse modo, devido a sua relativa baixa especificidade, o exame de CgA não deve ser usado para screening ou diagnóstico de tumores neuroendócrinos. Sua utilidade deve ser sempre avaliada em combinação com outros exames e dados clínicos para evitar diagnósticos incorretos.
Os valores de referência da cromogranina A podem mudar a depender do método e laboratório de escolha. Em geral, cromogranina A acima de 100 ng/mL é considerada alta.
Quais as outras condições que podem aumentar os níveis séricos de CgA?
Como citamos, embora o aumento da CgA seja frequentemente associado a tumores neuroendócrinos, níveis elevados também podem ocorrer em outras condições, como:
- Condições endócrinas: hiperparatiroidismo, hipertiroidismo, feocromocitoma, tumores de glândula pituitária, carcinoma medular da tiroide.
- Gastrite crônica atrófica.
- Doença inflamatória intestinal.
- Síndrome do intestino irritável.
- Hepatite crônica, cirrose hepática.
- Pancreatite.
- Hipertensão arterial, insuficiência/falência cardíaca.
- Obstrução das vias aéreas dos fumantes, bronquite crônica.
- Arterite de células gigantes, artrite reumatoide sistêmica.
- Síndrome da resposta inflamatória sistêmica.
- Insuficiência/falência renal.
- Gestação – pode ser produzida pela placenta.
- Outros tipos de câncer: câncer de mama, de ovário, de próstata (mesmo com PSA normal), câncer de pulmão de células pequenas, câncer colorretal, carcinoma hepatocelular, neuroblastoma, adenocarcinoma pancreático.
- Uso de inibidores de bomba de prótons.
- Uso de antagonistas do receptor de histamina H2.
Dessa forma, a interpretação dos níveis de CgA deve ser cuidadosa, levando em consideração o contexto clínico e a presença de outros fatores que possam interferir nos resultados.
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Referências:
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CROMA – CROMOGRANINA A – Guia de Exames. DB Diagnósticos do Brasil. Disponível em: https://gde.diagnosticosdobrasil.com.br/GDE_Home/DetalheDoExame.aspx?ExameId=CROMA. Acessado em