Como diagnosticar a Doença Inflamatória Pélvica

A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma síndrome que envolve a inflamação do trato genital superior feminino, incluindo o útero, trompas de falópio, ovários e peritônio pélvico.

A DIP é uma condição que pode levar a complicações graves, como infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica, destacando a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado.

A Doença Inflamatória Pélvica é a principal causa ginecológica que justifica internações

A Doença Inflamatória Pélvica (DIP), ou Moléstia Inflamatória Pélvica Aguda (MIPA), é uma síndrome clínica inflamatória/infecciosa secundária à ascensão de bactérias provenientes do trato genital feminino inferior que podem acometer o útero, trompas, ovários, peritônio e até outros órgãos ou estruturas abdominais.

É frequentemente causada por infecções sexualmente transmissíveis, como Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, embora outros organismos, como Mycoplasma genitalium, Trichomonas vaginalis e bactérias associadas à vaginose bacteriana, também possam estar envolvidos.

O pico de incidência ocorre entre 15 e 25 anos de idade, sendo mais comum em mulheres jovens, sexualmente ativas e solteiras. Nos EUA, acomete cerca de 1 milhão de mulheres por ano, sendo o principal motivo de internação por causas ginecológicas.

Doença Inflamatória Pélvica

Como ocorre a Doença Inflamatória Pélvica?

A Doença Inflamatória Pélvica normalmente se inicia com uma infecção por Clamídia ou Gonococo (não tratadas) que ascendem ao trato genital superior, através da passagem pelo orifício interno do colo uterino. Tal processo é facilitado quando ocorre uma maior abertura do colo: no período menstrual.

De toda forma, assim que a bactéria ascende, inicia-se um processo inflamatório/infeccioso no útero (endometrite). Isso causa uma alteração imunológica/bioquímica local, permitindo que outras bactérias ascendam (mesmo da flora normal) – caracterizando a condição como polimicrobiana.

Na sequência, o processo infeccioso pode se direcionar até as trompas (salpingite), causando um processo inflamatório por lesão direta/indireta ao epitélio ciliar – o que pode formar aderências com oclusão do lúmen tubário (explicando a posterior complicação de infertilidade). Eventualmente a infecção pode se acometer os ovários (ooforite), e ainda migrar para a cavidade peritoneal.

Quando há acometimento de abscessos na superfície hepática, podemos estar diante da “Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis” – que, na fase aguda, há exsudato purulento sobre a cápsula de Glisson (membrana de tecido conjuntivo que envolve o fígado), e na fase crônica aderências em “corda de violino”.

Doença Inflamatória Pélvica

Como diagnosticar a DIP?

O diagnóstico deve ser inicialmente clínico, conforme a história e os sinais e sintomas. No entanto, a clínica de uma paciente com DIP pode variar desde um quadro assintomático até um quadro emergencial.

Para facilitar, existem critérios diagnósticos – o diagnóstico de DIP é feito na presença de 3 critérios maiores + 1 critério menor ou na presença de 1 critério específico:

CRITÉRIOS MAIORES:

  • Dor pélvica em região infrapúbica.
  • Dor à palpação anexial.
  • Dor à mobilização do colo uterino.

CRITÉRIOS MENORES:

  • Massa pélvica.
  • Febre acima de 38,3ºC.
  • Secreção vaginal / endocervical purulenta.
  • Leucocitose (Hemograma).
  • PCR (proteína C reativa) elevada.
  • Comprovação laboratorial de infecção cervical por Clamídia, gonococo ou Micoplasma.
  • 5 ou mais leucócitos por campos de aumento, avaliado em secreção de endocérvice à microscopia.

CRITÉRIOS ESPECÍFICOS:

  • Laparoscopia evidenciando Doença Inflamatória Pélvica.
  • Exame de imagem evidenciando abscesso túbulo-ovariano ou em fundo de saco.
  • Histopatologia compatível com endometrite.

endometriose Doença Inflamatória Pélvica

Leia também: Simple 2 Test – primeiro teste para clamídia e gonorreia com coleta de amostras em casa.

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Referências:

British Association for Sexual Health and HIV. UK national guideline for the management of pelvic inflammatory disease.

Workowski, K. A., Bolan, G. A., & Centers for Disease Control and Prevention (2015). Sexually transmitted diseases treatment guidelines, 2015. MMWR. Recommendations and reports : Morbidity and mortality weekly report. Recommendations and reports, 64(RR-03), 1–137.

Curry A, Williams T, Penny ML. Pelvic Inflammatory Disease: Diagnosis, Management, and Prevention. Am Fam Physician. 2019 Sep 15;100(6):357-364. PMID: 31524362.

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