Cirurgias Eletivas no Brasil: Um Marco Histórico e seus Impactos

Cirurgias Eletivas no Brasil: Um Marco Histórico e seus Impactos

Em 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) alcançou um recorde ao realizar 13.663.782 cirurgias eletivas, um aumento significativo de 10,8% em relação a 2023 e 32% em comparação a 2022. Este marco reflete a eficiência de políticas públicas direcionadas e investimentos robustos para atender às demandas reprimidas da população.

O Papel Crucial das Cirurgias Eletivas

As cirurgias eletivas são procedimentos programados que não possuem caráter de urgência imediata, mas que são essenciais para a melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Esses procedimentos são cruciais para evitar o agravamento de doenças e para promover a reabilitação e inserção social de pacientes, reduzindo as limitações impostas por condições crônicas.

Cirurgias Eletivas no Brasil

Investimentos e Iniciativas Estratégicas

O avanço registrado foi viabilizado pelo programa Mais Acesso a Especialistas, que destinou R$ 2,4 bilhões para ampliar a rede de serviços especializados e reduzir o tempo de espera. Essa estratégia possibilitou maior eficiência na realização de procedimentos e no encaminhamento de pacientes, aliviando a sobrecarga em unidades de saúde. Além disso, foram implementadas:

  • Ampliação do uso de telemedicina para triagens pré-operatórias.
  • Parcerias público-privadas para o uso de centros cirúrgicos ociosos.
  • Incentivos à capacitação de equipes multiprofissionais.

Essas ações colaboraram para otimizar o fluxo de atendimento e melhorar os índices de resolutividade das cirurgias.

Cirurgias Eletivas no Brasil

Especialidades com Maior Aumento de Cirurgias Eletivas no Brasil

O crescimento no número de cirurgias eletivas não foi uniforme entre as especialidades. As seguintes áreas se destacaram pelo aumento mais expressivo:

  • Oncologia: Uma das áreas prioritárias devido à remoção de tumores e intervenções preventivas. Este aumento reflete a urgência em tratar pacientes com câncer e melhorar os desfechos oncológicos.
  • Cardiologia: A expansão nos procedimentos corretivos e preventivos, como colocação de stents, foi crucial para atender à demanda crescente de pacientes com doenças cardiovasculares.
  • Oftalmologia: As cirurgias de catarata lideraram entre os procedimentos oftalmológicos, contribuindo significativamente para a redução da cegueira evitável no Brasil.
  • Otorrinolaringologia: Cirurgias como correções auditivas e intervenções respiratórias também registraram um crescimento expressivo.
  • Ortopedia: Aumento nos procedimentos de colocação de próteses e correções articulares, devido à alta demanda por maior mobilidade e funcionalidade entre os pacientes.

Essas especialidades refletem tanto as prioridades do sistema de saúde quanto as necessidades mais prementes da população.

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Distribuição Regional

As cirurgias eletivas foram distribuídas de forma desigual entre as regiões do país:

  • Sudeste: Liderou com 34% do total de cirurgias realizadas. Crescimento de 12% em comparação a 2023.
  • Sul: Representou 29% do total, destacando-se pelo cumprimento de 255% das metas planejadas. Crescimento de 15%, com destaque para procedimentos oftalmológicos.
  • Nordeste: Contribuiu com 25% das cirurgias realizadas. Crescimento de 9%, impulsionado pela oncologia.
  • Norte e Centro-Oeste: Realizou 7% e 5% dos procedimentos, respectivamente. Crescimento de 8% cada, com aumento expressivo em cirurgias ortopédicas.

Cirurgias Eletivas no Brasil

Impacto dos Programas Governamentais

O aumento expressivo foi impulsionado pelo Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF), que destinou R$ 1,2 bilhão em 2024 para ampliar o acesso a cirurgias eletivas.

Entre fevereiro e junho de 2024, o programa realizou 544.388 cirurgias, representando 75% do planejado para o período. A região Sul superou as metas, enquanto as demais regiões alcançaram entre 42% e 61% do planejado.

 

Desafios e Perspectivas

Apesar dos avanços, há desafios estruturais que precisam ser enfrentados:

  1. Desigualdade Regional: Regiões Norte e Nordeste ainda apresentam menor capacidade instalada em comparação ao Sudeste, refletindo diferenças no acesso e na qualidade dos serviços de saúde.
  2. Longa Lista de Espera: Apesar do aumento no número de cirurgias, a demanda ainda supera a oferta em algumas especialidades.
  3. Sustentabilidade Financeira: A manutenção do volume de procedimentos requer fontes de financiamento estáveis e investimentos contínuos na infraestrutura hospitalar.

Para 2025, o Ministério da Saúde planeja integrar o PNRF ao Programa de Expansão e Qualificação da Atenção Ambulatorial Especializada (PMAE), com foco na ampliação e qualificação dos serviços.

Cirurgias Eletivas no Brasil

Conclusão

As conquistas nas cirurgias eletivas em 2024 representam um marco para o SUS e a saúde pública no Brasil. Elas comprovam o poder transformador de investimentos direcionados e da gestão eficiente.

Contudo, a jornada pela universalização e equidade ainda requer esforços integrados entre governo, profissionais de saúde e sociedade. Continuar investindo em melhorias é essencial para garantir o direito à saúde de forma ampla e sustentável.

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde registra o maior número de cirurgias eletivas da história do SUS. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/janeiro/ministerio-da-saude-registra-o-maior-numero-de-cirurgias-eletivas-da-historia-do-sus. Acesso em: 11 mar. 2025.

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Estudante de Medicina na Universidade de Rio Verde Campus Aparecida de Goiânia desde 2020/2. Diretora do Centro Acadêmico (2021-22). Fundadora da Liga Acadêmica de Cirurgia Plástica (2021-22), Liga Acadêmica de Otorrinolaringologia (2022-23), Liga Acadêmica de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (2023-24) e da Liga Acadêmica de Nefrologia (2023-24). Diretora na Federação Internacional dos Estudantes de Medicina do Brasil (2022-24). Participante do Programa de Extensão Educacional em Saúde Integral da Criança e do Adolescente (2023-24). Participante do Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (2023-24). Diretora do Programa de Extensão Educacional em Saúde Integral da Criança e do Adolescente (2024-25).

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