O ChatGPT foi criado pela OpenAI no final de 2022, sendo uma revolução no mundo digital contemporâneo. Alimentado por Inteligência Artificial (IA), ele interage com seres humanos e permite obter respostas complexas a partir de comandos escritos.
Assim, sabe-se que essa plataforma é muito utilizada para criação de conteúdo, edição de imagens e textos e leitura de um grande volume de dados. Mas, recentemente, essa IA foi estudada para ser uma ferramenta importante no manejo dos cânceres ginecológicos.
ChatGPT para câncer ginecológico: funciona?
No contexto de câncer ginecológico, o ChatGPT pode responder com precisão a perguntas sobre testes e aconselhamento genéticos para essas neoplasias, mas enfrenta dificuldades para identificar o tratamento adequado para esses, de acordo com um par de estudos apresentados na Reunião Anual (2024) da Sociedade de Oncologia Ginecológica sobre Câncer de Mulheres.
“Poder fornecer respostas a perguntas sutis, especialmente aconselhamento genético, que deve ser adaptado ao perfil genético específico de um paciente, é definitivamente impressionante. No entanto, eu acho que mais trabalho precisa ser feito nesse campo para que possamos realmente colocá-lo em prática clínica. Eu não diria que está pronto para ser empregado.” disse Jharna M. Patel, MD, no NYU Langone em Nova York.
No primeiro estudo, Patel e outros autores alimentaram o ChatGPT com 40 perguntas desenvolvidas em consulta com oncologistas ginecológicos e sob respaldo de diretrizes específicas. Os oncologistas então avaliaram as respostas na seguinte escala: 1) correta e abrangente, 2) correta, mas não abrangente, 3) parcialmente correta e parcialmente incorreta, e 4) completamente incorreta.
Das 40 perguntas, o ChatGPT forneceu respostas corretas e abrangentes para 33 (82,5%), respostas corretas, mas não abrangentes para seis (15%) e respostas parcialmente incorretas para uma (2,5%) pergunta. Nenhuma das respostas foi classificada como completamente incorreta. A categoria de aconselhamento genético de perguntas (por exemplo, “Como você sabe se alguém tem uma síndrome de câncer hereditário ou familiar?) teve a maior proporção de respostas que foram tanto corretas quanto abrangentes.
O ChatGPT teve um desempenho tão bom quanto na categoria de distúrbios genéticos específicos. Por exemplo, 15/17 (88,2%) das respostas estavam corretas e completas sobre testes para diferenças nos genes BRCA-1 e BRCA-2 (genes sabidamente envolvidos no câncer de mama, quando mutados), enquanto duas de três (66,6%) estavam corretas sobre a Síndrome de Lynch, a forma mais comum de câncer colorretal hereditário.
Limitações para recomendações terapêuticas
Embora seja bom para identificação das condições e genética associada, o ChatGPT tem dificuldades com as recomendações de tratamento.
Um outro estudo envolveu 114 pacientes com cânceres ginecológicos (48 de útero, 43 de ovário, 8 de vulva, 6 de colo do útero e 9 com outros tipos de câncer). Os pesquisadores forneceram ao ChatGPT informações clínicas das pacientes, desfecho cirúrgico e análises de estudo anatomopatológico e molecular, e direcionaram a ferramenta a fornecer a melhor opção de tratamento. Infelizmente, a maioria das recomendações de tratamento fornecidas pelo ChatGPT não concordava com as decisões dos oncologistas referenciados.
“Entre todos os 114 casos, a concordância entre o ChatGPT e o comitê de tumor sobre o tratamento foi de apenas 46%”, disse Eric Rios-Doria, MD, do Centro Médico da Universidade de Washington, Seattle. A concordância também diferiu pelo local da doença: foi de 44% para útero, 49% para ovário, 83% para colo do útero, 37,5% para vulva e 22% para outros.
Uma das grandes limitações encontradas foi sobre a desatualização da plataforma. “A IA pode não ter as informações mais recentes e pode refletir preconceitos em suas informações de treinamento”, disse Benjamin Matthews, MD, da Universidade Johns Hopkins, Baltimore, Maryland. Por mais que a IA seja uma grande aliada no diagnóstico e tratamento de inúmeras patologias, parece que em algumas situações, a “avaliação humana é necessária”, concluiu Rios-Doria.
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Referências:
Can ChatGPT Help Manage Gynecologic Cancers? – Medscape – March 19, 2024.
