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O antígeno carcinoembrionário (CEA) é uma glicoproteína produzida pelas células do trato gastrointestinal, relacionada a adesão celular. Em adultos, é encontrada em quantidades praticamente indetectáveis, sendo sua avaliação bastante utilizada no seguimento do câncer colorretal.
O antígeno carcinoembrionário é específico para o câncer colorretal?
O antígeno carcinoembrionário (CEA) é uma glicoproteína produzida pelas células do trato gastrointestinal, relacionada a adesão celular, principalmente durante a embriogênese – daí o nome “embrionário”.
Por ser um marcador encontrado quando há maior proliferação das células, está presente em maior concentração em fetos. Em adultos saudáveis, possui níveis séricos quase indetectáveis.
Condições nas quais há um aumento da proliferação de células gastrointestinais podem resultar na elevação dos níveis de CEA, como ocorre principalmente no câncer colorretal.
No entanto, este marcador não é específico para câncer colorretal, além de que nem todo câncer colorretal resulta em aumento dos níveis de CEA.
Já foi relatado aumento do antígeno carcinoembrionário indicando diversas neoplasias, incluindo sarcomas, câncer de mama, câncer de pâncreas, câncer hepatobiliar ou mesmo metástases. Além disso, o CEA pode estar aumentado em doenças benignas intestinais como colite, diverticulite ou cirrose, e ainda em fumantes crônicos.
Para que serve o exame de antígeno carcinoembrionário?
Na prática, a utilidade do exame CEA é no seguimento do câncer colorretal.
Deve-se ressaltar que este marcador não apresenta valor diagnóstico, uma vez que, como visto, pode estar positivo em outras condições malignas e benignas. Dessa maneira, o CEA apresenta utilidade nos casos em que o paciente já é previamente diagnosticado com câncer colorretal, avaliando em seu seguimento.
Prognóstico: valores pré-operatórios acima de 10 ng/mL refletem uma doença avançada e, portanto, pior prognóstico. Em outras palavras, quanto maiores os valores, maior o risco de ter a doença disseminada (metastáticas).
Controle de cura pós-operatório: valores de CEA no seguimento pós-cirúrgico com aumento maior de 10 ng/dL ou duas elevações de forma persistente refletem habitualmente uma recidiva tumoral.
Os níveis séricos do CEA em um paciente submetido a cirurgia tendem a ter uma redução drástica em até 6 semanas. Valores normais nesse período indicam erradicação completa do tumor, por outro lado, valores elevados e persistentes indicam doença metastática ou ainda focos neoplásicos não retirados.
Seguimento em quimioterapia: pacientes em quimioterapia devem dosar o CEA a cada 2 meses. Isso porque reduções indicam boa resposta e valores cada vez mais elevados podem refletir metástases não controladas.
Em resumo, no seguimento após tratamento do câncer colorretal (cirurgia + quimioterapia), a dosagem de CEA deve ser feita inicialmente a cada 3-6 meses por cerca de 2 anos, na sequência uma vez a cada 6 meses completando 5 anos. Um aumento maior de 10 ng/dL ou duas elevações de forma persistente refletem habitualmente uma recidiva tumoral, sendo indicada uma PET-CT para melhor avaliação.
Avaliação de antígeno carcinoembrionário em outras neoplasias
Como mencionado anteriormente, o antígeno carcinoembrionário faz parte de um grupo de glicoproteínas de adesão. Uma das características essenciais de um tumor é a perda de adesão celular, o que permite a invasão e metástase.
Logo, a detecção de CEA como marcador de metástase é de grande valia, em especial em outros fluidos corporais.
Já foi relatada sua presença em líquido peritoneal, efusões torácicas e líquido cefalorraquidiano como marcador de metástase a distância – nos casos metástases para peritônio, pleura e sistema nervoso central, respectivamente.
Veja a sensibilidade do uso do exame CEA em diversas neoplasias:
- 85-90% para o câncer colorretal metastático.
- 40-60% para tumores do trato gastrointestinal não metastático.
- 80% para neoplasias do trato biliar.
- 52-77% para neoplasia do pulmão.
- 50-70% para neoplasia da tireoide.
- 61-68% para neoplasia do pâncreas.
- 42-50% para neoplasia da cérvice.
- 30-50% para câncer de mama.
- 9% para teratoma de testículo.
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Referências:
Pagana, KD; Pagana TJ. Mosby’s Manual of Diagnostic and Laboratory Tests. 6 ed. – Elsiever – 2017.
Caquet, René. 250 exames de laboratório: prescrição e interpretação / René Caquet; tradução de Laís mEDEIROS, Bruna Steffens e Janyne Martini – 12. Ed. – Rio de Janeiro – RJ: Thieme Publicações, 2017.
Götz, L., Rueckschloss, U., Balk, G., Pfeiffer, V., Ergün, S., & Kleefeldt, F. (2023). The role of carcinoembryonic antigen-related cell adhesion molecule 1 in cancer. Frontiers in immunology, 14, 1295232. https://doi.org/10.3389/fimmu.2023.1295232
Hammarström S. The carcinoembryonic antigen (CEA) family: structures, suggested functions and expression in normal and malignant tissues. Seminars in cancer biology, 9(2), 67–81. https://doi.org/10.1006/scbi.1998.0119