

Os anticorpos antiestreptolisina O (ASLO) surgem como resposta a uma infecção por estreptococos β-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes) causador de faringoamigdalite, piodermite e pneumonia.
Assim, a sua presença é um indicativo de que uma infecção por bactérias Streptococcus ocorre ou ocorreu recentemente – auxiliando dessa maneira no diagnóstico de complicações pós-estreptocócicas, principalmente febre reumática e glomerulonefrite pós-estreptocócica.
O que são os Anticorpos Antiestreptolisina O?
A Bactéria estreptococos β-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes) causadora de faringoamigdalite, piodermite e pneumonia, produz uma toxina chamada estreptolisina O (ASO ou ALSO), que tem potencial de lise dos glóbulos vermelhos.
Essa toxina é antigênica, ou seja, sua presença induz a produção imunológica de anticorpos neutralizantes antiestreptolisina O.
A produção desses anticorpos se inicia cerca de 1 semana após a infecção e tem seu pico sérico em 2-4 semanas. Os níveis retornam ao basal em 6-12 meses.
Muitas vezes, uma infecção por Streptococcus é assintomática e o paciente não recebe tratamento. O não tratamento desta infecção pode causar complicações futuras, conhecidas como “complicações pós-estreptocócicas”, principalmente febre reumática e glomerulonefrite pós-estreptocócica.
Desta forma, embora titulações altas de ASO não sejam específicas para o diagnóstico de complicações pós-estreptocócicas, são indicativos de que uma infecção por bactérias Streptococcus ocorre ou ocorreu recentemente – auxiliando assim no diagnóstico dessas complicações pós-estreptocócicas.
Leia também: Infecção por Streptococcus pyogenes – sinais clínicos, diagnóstico e tratamento.
Quais os valores de referência do exame ASLO?
Como citamos, o exame que identifica anticorpos Antiestreptolisina O deve ser solicitado para evidenciar infecção estreptocócica recente, seguimento de infecção / reinfecção estreptocócica, auxílio diagnóstico na febre reumática e auxílio diagnóstico na glomerulonefrite pós-estreptocócica.
Os valores de referência de ASLO dependem da idade do paciente, sendo:
- Recém-nascidos: valor similar ao materno.
- Crianças até 2 anos de idade: ≤ 50 Todd units/mL.
- Crianças 2-4 anos de idade: ≤ 160 Todd units/mL.
- Crianças 5-12 anos de idade: 170-330 Todd units/mL.
- Maiores de 12 anos de idade: ≤ 160 Todd units/mL.
Possíveis interferências na avaliação de Antiestreptolisina O
Alguns cuidados devem ser tomados na interpretação do exame que avalia ASLO:
- Níveis elevados de beta-lipoproteína (hepatopatias) inibem a estreptolisina O e dão um título de ASO falsamente alto.
- Contaminação da amostra por bactérias (destaque para Pseudomonas) pode cursar com falsos positivos.
- Medicamentos que podem causar diminuição dos níveis de ASO incluem adrenocorticosteroides e antibióticos.
- O resultado pode ser método-dependente, e por essa razão os laudos de diferentes laboratórios não podem ser comparados ou interpretados de forma intercambiável.
Nem todos os pacientes com infecção por S. pyogenes são ALSO positivo. O que fazer?
Cerca de 80% dos pacientes com infecção ativa ou recente por estreptococos β-hemolítico do grupo A vão ter ASLO positivo. Porém, como detectar os 20% restantes?
Existem outros anticorpos que pode detectar as exoenzimas: anti-DNAse B, anti-Hialuronidase, anti-NADase e antiestreptoquinase. Na prática, se um anticorpo vier negativo, e ainda houver forte suspeita, deve-se solicitar outro.
Atualmente, existe o “Streptozyme Test” – que faz simultaneamente o teste para os 5 anticorpos – o que permite a confirmação de infecção recente em 80-95% dos casos.
Além disso, durante a fase aguda da infecção, podemos detectar a bactéria diretamente, por exemplo na orofaringe (nos casos de faringoamigdalite), por meio de swab orofaríngeo com teste rápido ou cultura.
Saiba mais com WeMEDS®
Streptococcus pyogenes são bactérias gram-positivas em forma de cocos. São patógenos beta-hemolíticos, e dentro da Classificação de Lancefield fazem parte do grupo A. Logo, também são conhecidas como estreptococos beta-hemolítico do grupo A (GABHS).
Estas bactérias são as responsáveis por mais de 90% dos casos de faringoamigdalite bacteriana em crianças. Ainda, estão envolvidas em complicações como escarlatina e febre reumática, além de serem causadoras de infecções cutâneas, como impetigo e erisipela.
Quer saber mais sobre as infecções causadas por esse patógeno, incluindo os exames laboratoriais associados? Acesse o conteúdo completo no nosso aplicativo WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.
—
Referências:
Ellen R Wald, MD. Group A streptococcal tonsillopharyngitis in children and adolescents: Clinical features and diagnosis. In: UpToDate.
Sen, E. S., & Ramanan, A. V. (2014). How to use antistreptolysin O titre. Archives of disease in childhood. Education and practice edition, 99(6), 231–238. https://doi.org/10.1136/archdischild-2013-304884
Gerber, M. A., Wright, L. L., & Randolph, M. F. (1987). Streptozyme test for antibodies to group A streptococcal antigens. The Pediatric infectious disease journal, 6(1), 36–40. https://doi.org/10.1097/00006454-198701000-00010
Biblioteca Virtual em Saúde – BVS. ASLO positivo é diagnóstico de Febre Reumática?