Da epidemia à pandemia: a obesidade no cenário da COVID-19

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O dia 11 de outubro é marcado por duas datas oficiais importantes: o Dia Nacional de Prevenção à Obesidade e o Dia Mundial da Obesidade. O objetivo é informar e alertar sobre esse problema, que vem crescendo nos últimos anos.

No ano de 2019, cerca de 1,9 bilhão de adultos estavam com sobrepeso; destes 650 milhões eram obesos. As taxas de obesidade estão em alta em adultos e crianças – de 1975 a 2016, a taxa de obesidade entre os 5 e 19 anos saltou de 4% para 18%. Ainda, estima-se que 4 milhões de mortes por ano estão relacionadas a tais problemas.

Com a pandemia COVID-19 em foco, outros problemas de saúde foram deixados momentaneamente de lado. No entanto, a epidemia de obesidade já vinha sendo registrada há alguns anos e agora o mundo passa a enfrentar dois grandes problemas ao mesmo tempo.

Obesidade e COVID-19

Em 2009, durante o surto de H1N1, foram reportadas associações entre respostas fisiológicas de obesos e a infecção viral. Na época, os pesquisadores observaram um aumento nos casos de desenvolvimento de forma grave da infecção por H1N1 em pacientes obesos, em relação a não obesos.

Recentemente, um estudo espanhol relatou uma associação entre o aumento na proporção de pacientes que necessitaram de atendimento em UTI e quadros de obesidade. Alguns pesquisadores apontam um aumento em mais de 110% no risco da necessidade do internamento nesses pacientes. Ainda, considerando o risco de contrair a doença, o risco pode aumentar em quase 50%.

Elencamos aqui alguns processos que justificam a relação entre obesidade e COVID-19:

O estado de obesidade é um processo inflamatório.

O acúmulo de lipídeos desencadeia reações inflamatórias localizadas que, quando constantes, levam a um quadro sistemático e crônico de inflamação. Em pacientes obesos, diversos marcadores pró-inflamatórios são elevados, enquanto fatores anti-inflamatórios se encontram suprimidos. Tal desregulação entre a presença de fatores pró e anti-inflamatórios afeta diretamente a atividade do sistema imunológico.

Quadros mais graves de COVID-19 apresentam fase inflamatória aguda proeminente. Ainda, na infecção por coronavírus é comum observar a tempestade de citocinas, o que aumenta ainda mais as chances do desenvolvimento de quadros mais graves da doença nesse grupo de pacientes em comparação a não obesos.

Há uma chance maior de desfecho desfavorável para o paciente obeso.

Pacientes obesos têm uma chance maior de rupturas de placas em artérias, embolias pulmonares, AVCs e infarto do miocárdio. Ainda, a diminuição da saturação de oxigênio já foi correlacionada com a maior circunferência abdominal, devido a compressão da estrutura pulmonar.

A interação do vírus Sars-Cov-2 com o sistema renina-angiotensina-aldosterona pode levar o paciente a um estado hipocalêmico, aumentando as chances de desenvolvimento de taquiarritmias. Além disso, o estado hipocalêmico aumenta as chances de desenvolvimento da síndrome do desconforto respiratório.

A obesidade pode estar associada a outras comorbidades

Pacientes obesos, em geral, também apresentam outras comorbidades. Óbitos associados a pacientes obesos são quase duas vezes mais prevalentes naqueles que apresentam diabetes do tipo 2 ou doenças cardiovasculares, por exemplo.

Ainda, a porta de entrada para as células hospedeiras do vírus (a proteína ACE2) é encontrada em diversos tecidos, levando a possibilidade do vírus de infectar órgãos que não só do sistema respiratório.

Em indivíduos saudáveis, a resposta imunológica basal é suficiente para conter tal replicação viral. Porém, a presença de comorbidades aumenta o risco do desenvolvimento das formas mais graves da doença.

Pacientes obesos podem apresentar deficiência de vitamina D

A deficiência de vitamina D em pessoas com obesidade pode ocorrer por múltiplos fatores, como baixa exposição solar, dieta inadequada em vitamina D, ou decréscimo na produção endógena de 25-hidroxivitamina D devido à esteatose hepática.

A vitamina D possui um importante papel na regulação da resposta imunológica, atuando na modulação entre a imunidade inata e adaptativa, e sua carência aumentar as chances de desenvolvimento de quadro severo da doença.

 

Conclusão

A fim de melhor prevenção e cuidados, pessoas com quadros de obesidade são aconselhadas a manter as medidas de proteção contra infecção por coronavírus sempre em alerta – distanciamento social, uso de máscaras e álcool gel.

Além disso, é altamente recomendado que estes indivíduos completem seu esquema vacinal de forma prioritária. A ingestão de vitamina D como forma profilática também pode ser recomendada, a depender de avaliação médica.

 

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Referências:

Estudo liga risco de covid grave e morte a obesos de todos os graus. 

WHO (International). Obesity and overweight. 2021.

CUSCHIERI, Sarah; GRECH, Stephan. Obesity population at risk of COVID-19 complications. Global health, epidemiology and genomics, v. 5, 2020.

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