Vacina da USP contra COVID-19: versátil, segura e altamente protetora

No fim do ano passado, pesquisadores publicaram na revista Scientific Reports os resultados sobre a vacina da USP contra COVID-19. Testado inicialmente em camundongos, o imunizante gerou tanto imunidade humoral quanto imunidade celular, de forma segura e independentemente de adjuvantes adicionais.

COVID-19 e as vacinas atualmente disponíveis

Embora a COVID-19 não seja mais considerada uma emergência de saúde pública de interesse internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatizou que a natureza persistente da pandemia destaca a crucial necessidade de estratégias de gerenciamento de longo prazo para SARS-CoV-2.

Apesar da disponibilidade de vacinas contra COVID-19 licenciadas, continua a haver uma necessidade urgente de plataformas de vacinas aprimoradas que forneçam alta proteção, segurança e versatilidade, ao mesmo tempo que ofereçam uma redução nos custos das vacinas. Campanhas contínuas de vacinação são imperativas até que o surgimento de novas variantes de preocupação (VOCs) cesse ou as vacinas forneçam imunidade duradoura.

Entre as plataformas de vacinas, os antígenos de subunidade são amplamente reconhecidos como uma das estratégias mais seguras e eficazes para o desenvolvimento de vacinas. No entanto, eles não geram inerentemente uma forte resposta imune e requerem o uso de adjuvantes na formulações de vacinas.

Nesse contexto, a disponibilidade de adjuvantes é limitada – apenas um pequeno número é licenciado para uso humano – e seu uso aumenta os custos da vacina.

Vacina da USP contra COVID

Vantagens da vacina baseada em VLPs

As partículas semelhantes a vírus (VLPs) estão surgindo como uma plataforma de vacina excepcionalmente promissora devido à sua capacidade de gerar respostas imunes potentes e duradouras.

Ao contrário das vacinas tradicionais e tecnologias mais recentes, como vacinas de vetor viral e mRNA, as VLPs não contêm material genético viral, eliminando assim os riscos associados à replicação e transmissão, e aumentando a segurança.

Sua similaridade estrutural com vírus reais permite que VLPs envolvam efetivamente células B e T por meio de células apresentadoras de antígenos (APCs), resultando em uma reação imunológica robusta e sustentada.

VLPs também oferecem vantagens significativas em termos de estabilidade, versatilidade e facilidade de produção, reduzindo potencialmente custos e tempo de fabricação em comparação a outras plataformas. Além disso, apresentam mais flexibilidade na adaptação ao surgimento de novas variantes de preocupação (VOCs).

Vacina da USP contra COVID SARS COV

Várias vacinas baseadas em VLPs já foram licenciadas e estão disponíveis comercialmente, para doenças como Hepatite B, Hepatite E, Papilomavírus Humano e Malária.

Atualmente, vários candidatos a vacinas baseados em VLPs estão sendo testados em ensaios clínicos e pré-clínicos em diferentes sistemas de expressão, visando uma variedade de doenças infecciosas e outras condições de saúde.

 

E as vacinas de mRNA?

O advento da tecnologia de vacinas de mRNA representa um avanço significativo no campo da imunização, com o potencial de superar as formulações tradicionais de vacinas.

Ao contrário das vacinas convencionais e vacinas de subunidade, que frequentemente requerem a adição de adjuvantes para melhorar as respostas imunológicas, as vacinas de mRNA podem estimular respostas imunológicas robustas sem esses aditivos.

No entanto, apesar de seu potencial transformador, as vacinas de mRNA enfrentam desafios consideráveis ​​relacionados à estabilidade e entrega de mRNA, e os rigorosos requisitos de armazenamento dessas vacinas representam dificuldades logísticas, particularmente em ambientes remotos e com recursos limitados.

O cenário da pesquisa atual está concentrado em melhorar a eficiência da tradução do mRNA e proteger o mRNA da degradação, com nanopartículas lipídicas emergindo como um componente essencial nessas melhorias.

No entanto, a dependência de grandes empresas farmacêuticas para esses componentes de vacinas destaca a necessidade urgente de tecnologias de vacinas mais acessíveis.

Vacina da USP contra COVID

Vacina da USP contra COVID-19

A vacina da USP contra COVID-19 foi testada em camundongos geneticamente modificados expressando ACE2 humano, um modelo que imita de perto a infecção humana, oferecendo insights valiosos sobre o desempenho da vacina em condições que se assemelham à doença humana real.

As formulações de vacina testadas conferiram proteção significativa, como evidenciado por cargas virais reduzidas, patologia pulmonar diminuída e melhores resultados gerais de saúde nos camundongos vacinados em comparação aos controles.

Outra vantagem observada é que a vacina baseada em VLPs é produzida a partir de bactérias, desempenhando um papel crucial na ativação do sistema imunológico inato, na formação de anticorpos neutralizantes e na imunidade protetora.

Vacina da USP contra COVID

Após a avaliação da imunidade humoral, avaliou-se a imunidade celular, particularmente a indução de células T específicas – com ênfase nas células Th1. Esse tipo de resposta que só é observada nas vacinas licenciadas quando há a presença de adjuvantes.

Os achados dos pesquisadores indicam que a formulação da vacina da USP contra COVID-19 provoca uma forte resposta imune independentemente de adjuvantes adicionais, sugerindo seu potencial para ampla aplicabilidade.

Esses resultados ressaltam a capacidade da vacina de não apenas provocar respostas imunes robustas, mas também proteger efetivamente contra infecções e mitigar a gravidade da COVID-19.

Além das vantagens já citadas, em meio ao sofrimento coletivo de tragédias humanas e perdas econômicas causadas por pandemias, tornou-se cada vez mais claro que priorizar o desenvolvimento de plataformas de vacinas produzidas localmente é um componente vital da preparação para pandemias. Isso envolve a criação de uma gama de vacinas usando várias tecnologias que podem ser adaptadas a outros patógenos com potencial pandêmico.

Vacina da USP contra COVID

Considerações finais

Esta formulação de vacina contra COVID-19 induz respostas imunes humorais e celulares robustas, provocando anticorpos de ligação e neutralizantes específicos contra SARS-CoV-2, e protege efetivamente contra o vírus em modelos de camundongos sem exigir adjuvantes adicionais.

A vacina baseada em VLPs oferece vantagens significativas sobre as plataformas de vacinas tradicionais, incluindo um perfil de segurança favorável e o potencial de adaptabilidade a VOCs.

Sua eficácia na indução de imunidade sem a necessidade de adjuvantes aborda as limitações associadas às tecnologias de vacinas atuais, como a necessidade de adjuvantes caros e condições rigorosas de armazenamento.

Pesquisas futuras serão essenciais para investigar a durabilidade a longo prazo da resposta imune e avaliar a eficácia da vacina contra COVID-19 em diversas populações e sob condições variadas.

Vacina da USP contra COVID

Referências:

VUITIKA, L. et al. A self-adjuvanted VLPs-based Covid-19 vaccine proven versatile, safe, and highly protective. Scientific Reports | (2024) 14:24228.

Kheirvari, M., Liu, H., & Tumban, E. (2023). Virus-like Particle Vaccines and Platforms for Vaccine Development. Viruses, 15(5), 1109. https://doi.org/10.3390/v15051109

Cinco anos após o início da pandemia, vacinação contra covid-19 ainda é necessária. Jornal da USP. Publicado: 21/01/2025. https://jornal.usp.br/radio-usp/cinco-anos-apos-fim-da-pandemia-vacinacao-contra-covid-19-ainda-e-necessaria/

 

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