Descolamento de Retina: como ocorre e como identificar?

O descolamento de retina é uma emergência oftalmológica grave, na qual há separação da retina da camada epitelial pigmentar subjacente. A incidência da condição varia muito, mas de forma geral é estimada em 0,01%.

Veja mais sobre as diferentes etiologias e como identificar um descolamento da retina.

Como ocorre o descolamento de retina?

A retina é a camada mais interna do olho e contém os fotorreceptores responsáveis por converter estímulos luminosos em sinais elétricos – que são transmitidos pelo nervo óptico para o córtex visual no cérebro, localizado no lobo occipital. Essa estrutura tem várias camadas, que participam no processamento inicial da imagem; dentre elas, a camada epitelial pigmentar da retina (EPR).

A camada epitelial pigmentar da retina (EPR) é uma camada de células epiteliais monoestratificadas localizada entre a retina neurossensorial e a coroide. Essa estrutura desempenha um papel essencial na manutenção da função fotossensorial, e precisa se manter íntegra para garantir a homeostase da retina e manutenção da visão.

O descolamento da retina ocorre quando há uma separação da retina neurossensorial e o epitélio pigmentar da retina.

Essa separação pode ser ativa (tração ou processo exsudativo) ou passiva (ruptura ou rasgo), permitindo que o humor vítreo penetre e se acumule entre a retina neurossensorial e o epitélio.

Como resultado, há interrupção do suprimento de oxigênio e nutrientes (isquemia), degenerando os fotorreceptores.

descolamento de retina

O que causa o descolamento de retina?

O descolamento da retina pode ser de 3 tipos principais:

Descolamento Regmatogênico: ruptura ou rasgo na retina. Mais comum. Pode ocorrer por:

  1. Degeneração do corpo vítreo – envelhecimento (principal causa).
  2. Degeneração lattice (afinamento da retina que aumenta o risco de descolamento) ou snail track.
  3. Cirurgias e traumas oculares.
  4. Outras causas / fatores de risco: miopia elevada, histórico pessoal ou familiar de descolamento ou lesões na retina.

Descolamento Tracional: membranas fibrovasculares se formam e tracionam a retina, sem necessidade de uma ruptura. Pode ocorrer por:

  1. Retinopatia diabética proliferativa (principal causa).
  2. Retinopatia falciforme.
  3. Retinopatia da prematuridade.
  4. Doença oclusiva vascular.
  5. Trauma ou inflamações crônicas que estimulam a formação de tecido cicatricial.
  6. Retinopatias familiares.
  7. Toxocaríase.
  8. Laceração gigante da retina / ruptura retiniana prévia.

descolamento de retina

Descolamento Exsudativo (ou seroso): acúmulo de fluido sub-retiniano sem ruptura na retina, geralmente como resultado de inflamação ou lesões vasculares. Pode ocorrer por:

  1. Coroidopatia serosa central.
  2. Síndrome de efusão uveal.
  3. Tumores intraoculares.
  4. Doenças inflamatórias – uveíte posterior, síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada, oftalmia simpática.
  5. Alteração congênitas – fosseta congênita do disco óptico, anomalia de disco óptico de Morning Glory, coloboma de coroide, nanoftalmia.
  6. Alterações vasculares – hipertensão maligna, pré-eclampsia, doença de Coats.

 

Como identificar um paciente com retina descolada?

O principal achado clínico de descolamento de retina é a perda / piora súbita de visão, de forma indolor no olho acometido. De forma geral, os sinais e sintomas são:

  • Fotopsias: flashes luminosos, geralmente indicativos de tração na retina.
  • Moscas volantes (miodesopsias): percepção de pequenas manchas ou filamentos móveis no campo visual.
  • Perda de campo visual: sensação de uma “cortina” ou “sombra” que bloqueia parte da visão, geralmente progredindo conforme o descolamento avança. Em caso de envolvimento de mácula, há perda da visão central.
  • Visão borrada ou distorcida.

Ainda, pode ocorrer hemorragia vítrea simultaneamente. Pacientes com descolamento tracional também podem ser inicialmente assintomáticos.

descolamento de retina

E como fazer o diagnóstico de descolamento de retina?

O diagnóstico é clínico, confirmado por exame oftalmológico. Na avaliação clínica, suspeitar de pacientes com os sinais e sintomas acima citados, e considerar os principais fatores de risco.

A fundoscopia indireta é um exame obrigatório, e permite a visualização de rupturas e do descolamento em si. A avaliação oferece uma visão mais ampla, permitindo o exame de toda a retina, inclusive áreas periféricas

 

O descolamento de retina é uma emergência oftalmológica

Lembre-se: o descolamento de retina é uma emergência na oftalmologia! Na suspeita da condição, não atrasar a avaliação oftalmológica! Quanto mais cedo o diagnóstico e o manejo, melhor o prognóstico.

descolamento de retina

Quer saber mais sobre esta e outras condições clínicas, incluindo complicações, diagnósticos diferenciais e tratamento? Acesse o conteúdo completo no nosso aplicativo WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

 

Referências:

Mohammad Dahrouj, MD, PhD; Dan A Gong, MD. Retinal detachment. In: UpToDate.

Blair, K., & Czyz, C. N. (2024). Retinal Detachment. In StatPearls. StatPearls Publishing.

 

 

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui