Herpes Labial: um problema recorrente?

Herpes Labial

O Herpes Labial é algo tão corriqueiro na prática clínica, porém pode apresentar particularidades que jamais devem ser esquecidas pelo médico. Aqui iremos discutir os principais pontos na abordagem diagnóstica e de tratamento dessa condição.

ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DO HERPES LABIAL

DEFINIÇÃO

O Herpes Labial É uma doença infecto-contagiosa causada pelo Vírus Herpes simplex tipo 1 (HSV-1) em 80% dos casos e pelo Vírus Herpes simplex tipo 2 (HSV-2) em 20% dos casos. Se apresenta com a formação de feridas dolorosas na região dos lábios e mucosa oral (gengiva, língua, faringe, ceu da boca etc)

ETIOLOGIA

O Herpes labial é causado pelo vírus Herpes Simplex Virus (HSV) tipo 1 (80% dos casos) e tipo 2 (20% dos casos) da família Herpesviridae. Possui um DNA – dupla hélice e se multiplica no interior da célula parasitada. Tem um nucleocapsídeo de simetria icosaédrica com envelope bilipídico.

SINAIS E SINTOMAS

Na primeira infecção (primoinfecção – gengivoestomatite herpética) o período de incubação (tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas) é de 1-28 dias. Importante salientar que apenas cerca de 20% dos pacientes que se contaminam desenvolvem o quadro, ficando os demais com o vírus “adormecido” no corpo por vários anos sem sintomas. Os sintomas são mais dramáticos na primeira infecção e podem incluir:

  • Febre
  • Mal-estar
  • Perda de apetite
  • Dor de garganta (Faringite)
  • Gengivoestomatite (Inflamação das gengivas)
  • Linfonodomegalia em pescoço

As lesões típicas do herpes labial (vesículas pustulosas) podem não aparecem na primeira infecção. O quadro costuma durar cerca de 2 semanas, desaparecendo posteriormente. Após essa primeira infecção, o vírus fica em estado latente nas células nervosas, esperando a queda de imunidade do paciente para ser reativado. Essa queda de imunidade geralmente é secundária a diversos fatores como: radiação solar, estresse, infecções agudas, medicamentos imunossupressores como corticoides. As lesões típicas acabam surgindo nas reativações do vírus. O quadro é muito mais brando que a infecção primária, durando cerca de 10 dias no máximo. Usualmente ela evolui da seguinte forma:

  • Dias 1 e 2 – Fase de Formigueiro: o paciente sente uma leve coceira e ardor na região labial
  • Dias 2-3 – Fase das vesículas:  há formação de pequenas elevações avermelhadas e dolorosas, que acabam se transformando em pequenas bolhherpes labialas agrupadas. As bolhas acabam sendo repletas de pus (formando pústulas)
  • Dias 4-5 – Fase das úlceras: As vesículas rompem, gerando feridas dolorosas que ficam expostas
  • Dias 6-7 – Fase das Crostas: As úlceras começam a se cicatrizar formando crostas
  • Dias 7-10: Há resolução do quadro

DIAGNÓSTICO

O médico deve realizar um exame físico com anamnese completa. O quadro do herpes labial é tão característico que o diagnóstico é eminentemente clínico. Exames laboratoriais podem ser solicitados para a confirmação em casos de dúvida diagnóstica, opções:

  • Swab com estudo citológico (Método de tzanck): faz-se um raspado da lesão vesiculosa e coloração por Hematoxilina-Eosina. Observa-se células multinucleadas com corpo de inclusão. Não distingue a espécie viral
  • Cultura Viral: Coleta-se o material da região afetada (vesículas) com um swab. A partir disso, semeia-se o conteúdo para cultura
  • PCR: Protein Chain Reaction. Não confundir com PCR de Proteína C reativa. Detecta-se o DNA viral através do sangue ou raspado
  • Sorologia: ELISA IgM/IgG para verificar soroconversão. Particularmente importante nos casos de desconforto labial recorrente sem lesões aparentes

PROGNÓSTICO

Na primoinfecção do herpes labial, a grande maioria dos indivíduos acaba se recuperando em até duas semanas com ou sem tratamento, sem outras complicações

O grande problema dessa infecção é a sua recorrência em períodos de baixa imunidade do corpo (radiação solar, estresse, infecções agudas, medicamentos imunossupressores como corticoides) – que apesar de durarem no máximo uma semana, podem levar à queda na qualidade de vida pela dor e eventuais estigmas sociais


ABORDAGEM TERAPÊUTICA DO HERPES LABIAL

Deve-se ter em mente que o herpes labial não tem cura, no entanto, o tratamento tem como objetivo reduzir o tempo da atividade da doença, melhorar os sintomas e acelerar o processo de cicatrização – evitando, assim, complicações.

Não só isso, quanto mais precoce for o tratamento, melhor serão os resultados; isso apesar de que na maioria das vezes, mesmo sem tratamento, o curso é autolimitado

TRATAMENTO DA PRIMOINFECÇÃO

Por ser mais dramático, o primeiro episódio de herpes labial deve ser sempre tratado com antivirais, o mais preocemente possível. Estudos indicam que se for iniciado nas primeiras 72 horas, os antivirais levam uma importante redução do tempo da doença/ intensidade dos sintomas. Por exemplo:

  • Aciclovir – um comprimido (400mg) a cada 8 horas por 7 dias

As formas tópicas dos antivirais(cremes/pomadas) não são eficazes na primoinfecção.

TRATAMENTO DA RECORRÊNCIA

Nos episódios de recorrência, o tratamento deve ser instituído preferencialmente na “Fase de Formigueiro” em que ainda não se tem lesões visíveis, porém há sintomas de dormência, formigamento ou queimação na região dos lábios. Caso a medicação não seja instituída precocemente (até 48 horas), estudos indicam que antivirais não apresentam quaisquer benefícios. Por exemplo:

  • Aciclovir –  um comprimido (200mg), a cada 4 horas, totalizando 5 doses/dia, omitindo-se a dose noturna, por 5 dias

Os cremes/pomadas são outra opção, apesar de apresentarem eficácia muito menor que os antivirais via oral. Devem também ser instituídos na “Fase de Formigueiro”. Por exemplo:

  • Aciclovir pomada – aplicar 5 vezes ao dia na região afetada, em intervalos de aproximadamente 4 horas, suprimindo-se a aplicação noturna – por 5 dias.

 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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