Escores para estratificação do risco são essenciais na prevenção de doenças cardiovasculares e redução da mortalidade. No entanto, todos as escalas já elaboradas são baseadas em coortes europeias e norte-americanas, e o verdadeiro risco entre populações latino-americanas (LAC) ainda não havia sido estimado.
Um grupo de pesquisadores publicou um artigo na revista The Lancet Regional Health propondo um escore mais refinado e adequado para a população latino-americana e caribenha (Globorisk-LAC).
Escore GLOBORISK-LAC
Desenvolvimento do escore e achados do estudo
Os pesquisadores utilizaram dados de 9 coortes – 21.378 participantes e 1.202 eventos. Estes dados fazem parte de uma grande rede de pesquisadores de saúde (Cohorts Consortium of Latin America and the Caribbean (CC-LAC)), e os participantes são selecionados a partir da história de doenças cardiovasculares e status de risco (por exemplo, tabagismo).
O escore foi desenvolvido incluindo doença cardíaca coronariana e acidente vascular cerebral, para eventos fatais/não fatais. Os dados analisados para a elaboração do escores incluíram dados laboratoriais, como colesterol total e glicemia de jejum, e dados clínicos como índice de massa corporal.
Em um seguimento de 8 anos e meio, foram observados 461 eventos não fatais e mais de 700 eventos fatais. Como o esperado, os eventos cardiovasculares foram associados a uma maior prevalência de diabetes, hipercolesterolemia, hipertensão e tabagismo. Dentro das coortes, foi observada uma maior prevalência de mulheres com sobrepeso e diabéticas em comparação aos homens. No entanto, o tabagismo foi mais frequente no grupo masculino.
Os autores também compararam o modelo de escore proposto com o escore GLOBORISK, validado em outros países. Comparando os dois modelos, aquele não específico à população LAC subestimou o risco de eventos cardiovasculares em 9% para homens e 21% para mulheres. Dessa forma, o novo modelo proposto (chamado de Globorisk-LAC) foi mais preciso para a população estudada – aumento de sensibilidade de 20% para 50%.
Nas amostras brasileiras, por exemplo, 4% dos pacientes foram classificados como de baixo risco com o Globorisk-LAC. No entanto, o escore anterior Globorisk os classificava como de alto risco. Reclassificar adequadamente esses indivíduos auxilia na redução da sobrecarga hospitalar e laboratorial, e uso crônico de medicamentos não necessários.
Preditores inclusos no escore Globorisk-LAC
Avaliação laboratorial:
- Pressão sistólica (valor em mmHg)
- Interação – pressão sistólica e idade (multiplicar valor em mmHg pela idade)
- Colesterol total (inserir valor mmol/l)
- Diabetes (sim ou não)
- Interação – diabetes e sexo (mulher = 1)
- Fumante (sim ou não)
Avaliação clínica:
- Pressão sistólica (valor em mmHg)
- Interação – pressão sistólica e idade (multiplicar valor em mmHg pela idade)
- Interação – pressão sistólica e sexo (mulher = 1)
- Índice de massa corporal (valor em km/m²)
- Fumante (sim ou não)
- Interação – tabagismo e sexo (mulher = 1)
Para mais informações, acesse o artigo completo aqui.
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Referências:
Derivation, internal validation, and recalibration of a cardiovascular risk score for Latin America and the Caribbean (Globorisk-LAC): A pooled analysis of cohort studies. Cohorts Consortium of Latin America and the Caribbean (CC-LAC). THE LANCET Regional Health. April 23, 2022. DOI: https://doi.org/10.1016/j.lana.2022.100258.
Cohorts Consortium of Latin America and the Caribbean (CC-LAC), Cohort Profile: The Cohorts Consortium of Latin America and the Caribbean (CC-LAC), International Journal of Epidemiology, Volume 49, Issue 5, October 2020, Pages 1437–1437g, https://doi.org/10.1093/ije/dyaa073
New Cardiovascular Disease Risk Score Targets Latin America, Caribbean. By Marilynn Larkin. Mescape, May 06, 2022.