A terapia gênica conhecida como CAR-T cell vem sendo utilizada como uma nova opção no tratamento de neoplasias, em especial as hematopoiéticas. Este tipo de terapia ainda não é recomendado para todos os pacientes, entretanto representa um marco na medicina personalizada em pacientes oncológicos.
Mas afinal, o que são as células CAR-T?
As células CAR-T são linfócitos T geneticamente modificados para expressar um receptor quimérico contra um antígeno de membrana celular, cujo reconhecimento é feito de forma independente do MHC.
Durante o processo de carcinogênese, linfócitos T podem perder a capacidade de reconhecimento de antígenos de células tumorais, desta forma, facilitando seu desenvolvimento. No caso das células CAR-T, a modificação permite que o reconhecimento de antígenos das células tumorais seja restabelecido, promovendo a destruição dessas células. Veja a figura abaixo:
Como são produzidas as células CAR-T?
O primeiro passo é realizar a coleta de células T de pacientes por meio de aférese, direcionando-as para modificação gênica. No laboratório, as células T são editadas geneticamente para expressar o gene do receptor de antígeno quimérico (CAR) que tem como alvo o antígeno na superfície da célula tumoral. Estas são então, expandidas em laboratório até a quantidade ideal, para posterior infusão de acordo com o peso do paciente.
Até o momento, os linfócitos CAR-T têm como alvo o antígeno de superfície CD19, que é uma molécula expressa durante toda as fases de maturação de linfócitos B. Encontra-se em fase bastante acelerada de aprovação, o CAR-T ant-BCMA (B Cell Maturation Antigen), para tratamento de mieloma múltiplo.
O uso desta tecnologia é licenciado para uso desde 2017, direcionada ao tratamento de neoplasias derivadas de linfócitos B, em especial a leucemia linfoblástica aguda e linfoma difuso de grandes células.
O CAR-T cell no Brasil
O primeiro tratamento utilizando-se desta tecnologia no Brasil foi realizado em 2019 no Centro de Terapia Celular da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto. O tratamento foi realizado em um paciente diagnosticado com Linfoma Não Hodgkin avançado sem perspectiva de tratamento.
A infusão ocorreu no início de setembro de 2019 e o paciente teve excelente resposta ao tratamento. Este tipo de terapia ainda é aprovado para uso apenas em ensaios clínicos sob aceite de comitê de ética. Nos Estados Unidos, tratamentos com CAR-T cell já foram aprovados para uso comercial e podem custar mais de US$450 mil.
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Referências:
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CHMIELEWSKI, M.; ABKEN, H. TRUCKS, the fourth‐generation CAR T cells: Current developments and clinical translation. ADVANCES IN CELL AND GENE THERAPY, v. 3, n. 3, jul. 2020. https://doi.org/10.1002/acg2.84
