Diretrizes atualizadas: triagem e suplementação de vitamina D não são para todos

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É evidente que na deficiência de vitamina D há comprometimento importante da mineralização óssea, bem como um aumento do risco de diversas condições clínicas. Dessa forma, a avaliação dos níveis de 25OH-D e a suplementação de vitamina D têm sido amplamente realizadas na população.

No entanto, de acordo com as novas diretrizes da Sociedade de Endocrinologia, a triagem por deficiência de vitamina D não deve ser realizada como teste de rotina. Da mesma forma, a suplementação empírica de vitamina D em indivíduos saudáveis menores de 50 anos não é recomendada.

Cerca de metade da população mundial apresenta baixos níveis de vitamina D

deficiência de vitamina D é uma condição na qual há baixas concentrações dessa vitamina no organismo do paciente. A forma ativa (calcitriol) relaciona-se intrinsecamente com o metabolismo do cálcio e do fósforo – dessa forma, na carência vitamínica, haverá menos destes componentes disponíveis, comprometendo a mineralização óssea.

A pedra angular do tratamento é a reposição vitamínica, e a quantidade necessária depende dos níveis séricos, da capacidade de absorção do indivíduos e da capacidade de metabolizar a vitamina.

Devemos lembrar que a deficiência de vitamina D é uma condição muito prevalente – cerca de metade da população apresenta baixos níveis da vitamina. Com o tratamento adequado, mesmo os pacientes com quadros graves apresentam um bom prognóstico, revertendo o comprometimento da mineralização óssea.

Por essa razão, a suplementação de vitamina D é muito incentivada na área médica. No entanto, o uso desmedido pode causar hipervitaminose, e doses tóxicas de vitamina D podem causar nefrocalcinose, hipertensão e até mesmo psicose.

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Entenda as diretrizes de 2024 sobre a triagem e suplementação de vitamina D

As novas diretrizes foram definidas por um painel multidisciplinar de especialistas, que avaliaram estudos clínicos randomizados e controlados por placebo sobre o uso da suplementação de vitamina D.

No estudo, foram avaliados casos de suplementação empírica – ou seja, ingestão de vitamina D que excede as recomendações dietéticas e utilizada sem a realização de testes para identificação da deficiência vitamínica no sangue (25-OH D ou calcidiol).

Segundo os autores, a suplementação é benéfica na prevenção do raquitismo em crianças e adolescentes, bem como na redução do risco de infecções respiratórias nesse população.

Além disso, o uso da vitamina D é indicado para prevenção do risco de mortalidade em maiores de 75 anos, e para pré-diabéticos para reduzir o risco de evolução da condição.

Para gestantes, a suplementação vitamínica é recomendada para prevenir o risco de complicações neonatais. No entanto, segundo os especialistas, não há necessidade de dosagem de 25-OH-D – a suplementação oferece benefício para todas as gestantes.

Em indivíduos saudáveis, não gestantes e com menos de 50 anos, não há evidências fortes o suficientes que justifiquem o uso empírico de vitamina D. Além disso, não há a necessidade de triagem de rotina na população em geral, na ausência de hipóteses diagnósticas.

Diretrizes atualizadas: triagem e suplementação de vitamina D não são para todos

E quando for necessário, como suplementar?

Na necessidade de suplementação empírica em crianças, esta pode ser realizada por meio de ingestão de alimentos fortificados, formulações vitamínicas ou suplemento de vitamina D em gotas ou pílulas (300-2000 UI/dia).

Para pré-diabéticos, a fim de evitar a progressão para diabetes tipo 2, os guidelines sugerem cerca de 3500 UI/dia. Para gestantes, sugere-se 600-5000 UI ao dia – sendo possível a realização da dose semanal equivalente.

Para adultos com pelo menos 50 anos e que tenham a necessidade de suplementação vitamínica, os guidelines sugerem doses baixas de vitamina D de uso diário – 600 UI/dia. Em idosos com mais de 75 anos, a recomendação é de aproximadamente 900 UI ao dia, para redução do risco de mortalidade.

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Referências:

Marie B Demay, Anastassios G Pittas, Daniel D Bikle, Dima L Diab, Mairead E Kiely, Marise Lazaretti-Castro, Paul Lips, Deborah M Mitchell, M Hassan Murad, Shelley Powers, Sudhaker D Rao, Robert Scragg, John A Tayek, Amy M Valent, Judith M E Walsh, Christopher R McCartney, Vitamin D for the Prevention of Disease: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline, The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, Volume 109, Issue 8, August 2024, Pages 1907–1947, https://doi.org/10.1210/clinem/dgae290

Don’t Screen’ for Vitamin D: New Endo Society Guideline – Medscape – June 03, 2024.

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