Transtornos pré-menstruais e Depressão Perinatal: qual a associação?

De acordo com uma pesquisa publicada em março de 2024, no PLoS Medicine, mulheres afetadas por transtornos pré-menstruais (PMDs) têm maior risco de depressão perinatal (PND) –  sintomas depressivos durante a gravidez e até 12 meses após o parto –  em comparação com aquelas que não têm PMDs. A relação funciona nos dois sentidos: aquelas com depressão perinatal também têm maior probabilidade de desenvolver transtornos pré-menstruais após a gravidez e o parto.

A alteração hormonal abrupta favorece quadros de depressão pós-parto

A depressão pós-parto (DPP) geralmente se refere a um episódio depressivo maior ou de intensidade grave a moderada, presente nos primeiros meses após o nascimento. Há maior vulnerabilidade da mulher a sintomas e sinais depressivos durante aproximadamente seis meses depois do parto.

Existem vários elementos envolvidos na DPP, entre eles: alterações tireóideas, disfunções no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, anormalidades do colesterol e ácidos graxos e vulnerabilidade genética.

É interessante notar, também, que a mulher gestante apresenta um aumento dos níveis de progesterona (20 vezes) e o incremento de estradiol é ainda maior (200 a 300 vezes) e quando há abrupta redução devido à expulsão da placenta no puerpério imediato, o estado agudo de retirada de estradiol durante as primeiras semanas após o parto favorece a origem da DPP.

Transtornos pré-menstruais e Depressão Perinatal: qual a associação?

Depressão perinatal e transtornos pré-menstruais antes da gravidez

Mulheres que menstruam experimentam flutuações hormonais cíclicas ao longo da puberdade, ciclo menstrual, gravidez e menopausa. O estudo comenta que entre um quinto e um terço das mulheres são relativamente afetadas por transtornos pré-menstruais e 11% das mães sofrem de depressão perinatal.

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O estudo proposto por Qian Yang et al. (no Instituto Karolinska, Suécia, e na Universidade da Islândia utilizaram o Registro Médico da Suécia) identificou, entre os dados de 2001 a 2018, 1.803.309 gestações únicas de 1.041.419 mulheres e encontraram 84.949 mulheres com depressão perinatal e 849.482 mulheres sem depressão. Os pesquisadores emparelharam as mulheres por idade e momento do ano, e conseguiram controlar fatores distratores analisando conjuntamente dados demográficos, tabagismo, IMC, paridade e histórico de transtornos psiquiátricos.

Entre as mulheres com depressão perinatal, quase 3% tinham transtornos pré-menstruais antes da gravidez, quando comparado com 0,6% das mulheres sem depressão correspondentes. Mulheres com sintomas depressivos no perinatal também tinham o dobro de probabilidade de relatar transtornos pré-menstruais quando a menstruação recomeçava após o parto, em comparação com aquelas não afetadas por sintomas depressivos.

Infelizmente, houve uma limitação no estudo em relação às mulheres as condições leves, em que os resultados não atingiram o intervalo de confiança.

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Com isso, a pesquisa incita uma discussão interessante sobre a associação entre as duas condições e apoia a teoria de que elas podem compartilhar etiologias e/ou fatores de risco comuns. Compreender essa associação poderia ajudar os profissionais de saúde a direcionar melhor o suporte às mulheres mais propensas a serem afetadas.

 

Referências:

The bidirectional association between premenstrual disorders and perinatal depression: a nationwide register-based study from Sweden, PLoS Medicine (2024). DOI: 10.1371/journal.pmed.1004363.

Femina: Publicação oficial da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Volume 48, Número 8, 2020.

 

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