Telemedicina: qual o custo-benefício para pacientes idosos?

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Em um estudo publicado essa semana no Journal of General Internal Medicine, pesquisadores apontam um importante questionamento quanto ao modelo de atendimento da telemedicina. Embora essa prática médica tenha resultado em níveis mais baixos de atendimento ambulatorial, quando necessários, os gastos hospitalares e com internamento são maiores para aqueles idosos que são majoritariamente atendidos em casa.

O barato pode custar caro!

Durante a pandemia de COVID-19, a telemedicina como meio de prestação de cuidados médicos com segurança tornou-se uma opção popular. E embora a telemedicina possa parecer uma solução óbvia para o tratamento de pessoas confinadas em casa, uma investigação sobre o seu acesso é essencial, e tem mostrado resultados conflitantes. Em especial, na população idosa.

Já foi visto que o uso da telemedicina reduz custos, transporte e tempo por parte do paciente, além de benefícios adicionais, como a redução da exposição a infecções.

Porém, em um estudo publicado essa semana na Journal of General Internal Medicine, pesquisadores observaram que pacientes domiciliares na verdade são usuários frequentes de cuidados hospitalares.

Os autores usaram os dados de uma pesquisa dos EUA representativa de idosos, para identificar idosos que não saem de casa (raramente ou nunca) e vincular esses dados às reivindicações de taxa por serviço médicos – a fim de avaliar a utilização de cuidados e gastos com saúde.

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Foram incluídos 1537 observações de consultas domiciliares / teleconsultas e 17.352 não domiciliares. No estudo, estima-se que 40% dos idosos que estão em casa tiveram uma hospitalização anualmente, em comparação com 20% dos idosos que não estão em casa.

Os casos de observações domiciliares eram mais propensos a ter uma internação, hospitalização potencialmente evitável e visita ao departamento de emergência no ano seguinte à entrevista. Só nos EUA, os gastos totais anuais foram USD 11346 maiores no grupo de idosos que era atendido em casa.

Uma das constatações dos autores é de que pacientes em uso de telemedicina (ou atendimento domiciliar) podem não estar consultando regularmente um prestador de cuidados primários ou um geriatra. Além disso, por raramente saírem de casa, a realização de exames de rotina também é reduzida.

Isso é especialmente preocupante na população idosa, visto que são pacientes mais complexos, em geral com comorbidades associadas. E os autores apontam que apenas 61% dos idosos que quase não saem de casa faziam uma consulta anual de atenção primária.

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A telemedicina enfrenta barreiras – e na população idosa não é diferente!

Embora a demanda por serviços de telemedicina por vídeo seja alta, a adoção tem sido limitada por disparidades no acesso, que podem apresentar obstáculos para grupos específicos. No estudo, as observações domiciliares tinham níveis significativamente mais baixos de educação e renda do que observações não domiciliares, reforçando tais desafios.

Diversas barreiras também são destacadas pelos autores – desde a falta de acesso a uma internet de qualidade até a falta de suporte no uso da tecnologia, em especial em pacientes com deficiências cognitivas e sensoriais.

Nessas populações especiais, a idade avançada pode agravar algumas das desigualdades que essa população já enfrenta. Os adultos mais velhos com acesso à banda larga ainda podem ter dificuldades para usar dispositivos móveis, pois a visão, a destreza e a cognição diminuem lentamente com a idade.

Tamanho de fonte pequeno, contraste de cores ruim e a exigência de habilidades motoras finas ao navegar em dispositivos usados para encontros de telemedicina baseados em vídeo podem ser desafiadores. E mesmo com acesso a um dispositivo adequado, alguns idosos podem ter dificuldades em ouvir, ver ou falar.

Segundo o pesquisador responsável, “uma solução de alta tecnologia nem sempre funcionará para essa população de alta necessidade médica e socialmente complexa”.

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A pandemia de COVID-19 acelerou os esforços para identificar novos modelos de atendimento a idosos. Compreender as necessidades de saúde e os custos de idosos confinados em casa é vital para definir as prioridades das políticas de saúde e moldar o futuro dos cuidados de longo prazo.

O estudo aqui mencionado é do tipo descritivo e inclui apenas pacientes idosos dos EUA que possuíam plano de saúde local. Porém, fica o alerta para a importância de atender às necessidades dessa parcela crescente da população.

Referências:

Oseroff, B.H., Ankuda, C.K., Bollens-Lund, E. et al. Patterns of Healthcare Utilization and Spending Among Homebound Older Adults in the USA: an Observational Study. J GEN INTERN MED (2022). https://doi.org/10.1007/s11606-022-07742-8

Alexander V. Kalicki BS,Kate A. Moody BS,Emily Franzosa DrPH,Peter M. Gliatto MD,Katherine A. Ornstein. Barriers to telehealth access among homebound older adults. Journal of the American Geriatrics Society. 14 September 2021. https://agsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jgs.17163

The Mount Sinai Hospital. When telemedicine isn’t the solution. MedicalXPress. August 2022. https://medicalxpress.com/news/2022-08-telemedicine-isnt-solution.html

 

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