

Visualizando o problema
No mundo, cerca de 250 milhões de pessoas têm problemas visuais que impactam sua vida, afetando aspectos da qualidade de vida do indivíduo, principalmente com respeito à sua independência.
Vivemos em ambientes de constantes alterações, o que dificulta a navegação e orientação de pessoas com deficiência visual. Mesmo em rotas familiares ao indivíduo, obstáculos e distâncias podem ter sua detecção dificultada, podendo causar acidentes e constrangimentos.
Como solução para estas questões, podem ser utilizados bengalas/bastões, cães guias e aparelhos eletrônicos. Mas seus benefícios são limitados, e podem estar fora do alcance de muitas pessoas.
Mas essa história acaba de ter um novo capítulo! No mês passado, a Universidade Stanford fez um upgrade nos bastões que pode auxiliar e melhorar muito a vida de quem a utiliza.
Parado no tempo
Inventada na década de 1930, a bengala branca surgiu com o intuito de auxiliar pessoas com deficiência visual a andar livremente, permitindo maior independência para esse grupo. Desde então, outras tecnologias e soluções foram desenvolvidas, como smartphones, guias auditivos e cães-guias. No entanto, poucas modificações foram aplicadas aos bastões. E mesmo os upgrades feitos foram limitados à percepção tátil do chão pela mão do indivíduo (conhecido como grounded haptic feedback).
Porém, a tecnologia finalmente foi aplicada à obsoleta bengala branca.
A Augmented Cane
Em tradução livre, o nome pode não fazer sentido para nós: Bengala Aumentada. Mas o nome vêm de outro contexto – Augmented reality (ou realidade aumentada). Partindo deste cenário, o termo “aumentada” se refere a experiência interativa da bengala com o mundo real.
Vários sensores foram implantados na ponta do bastão, incluindo câmeras e GPS. Mas talvez o sensor mais importe do combo seja o LIDAR (do termo em inglês, Light Detection and Ranging). Essa é uma tecnologia baseada em laser capaz de medir distância entre objetos.


Por trás do processamento do dados, estão algoritmos de Inteligência Artificial (AI) que lidam com o mapeamento, localização e imagem. A tomada de decisões pela AI é feita em tempo real e direcionam o usuário ao seu destino (como um objeto ou uma rota, por exemplo).
Para ter mais informações e acessar o vídeo da Universidade Stanford: clique aqui
Melhor que a bengala branca
Comparativamente à bengala “não aumentada”, a versão atualizada apresentou resultados bem positivos em testes de eficácia. O dispositivo foi testado por usuários com deficiência visual e usuários sem deficiência visual (mas com os olhos vendados). Os participantes foram submetidos à desafios que incluiam caminhar sem companhia por ambientes internos e externos e evitar obstáculos no percurso.
Em todos os cenários, a Augmented Cane permitiu que o usuário caminhasse com maior velocidade. A orientação e navegação do usuário também foi aprimorada pela bengala, tanto em ambientes internos quanto externos.
O que esperar a partir de agora?
Mesmo não sendo o único dispositivo com a proposta de auxiliar pessoas com deficiência visual, a Augmented Cane reune acessibilidade (principalmente em relação ao seu custo) e eficiência. De acordo com os desenvolvedores, “a Augmented Cane fornece uma plataforma que pode melhorar a mobilidade e a qualidade de vida das pessoas com deficiência visual“.
A Augmented Cane ainda é um protótipo e não está disponível no mercado. Mas o dispositivo pode ser construído em casa: o código-fonte e lista de materiais necessários foram liberados pelos desenvolvedores. Isso também possibilita o aprimoramento da tecnologia por outros grupos, podendo reduzir o tempo entre o desenvolvimento e comercialização. Resta aguardar.
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Referências:
Stanford Researchers Build $400 Self-Navigating Smart Cane