Síndrome de Boerhaave: Como diagnosticar a Ruptura Esofágica Espontânea?

Síndrome de Boerhaave: Como diagnosticar a Ruptura Esofágica Espontânea

A Síndrome de Boerhaave é a ruptura espontânea esofágica, secundária ao aumento abrupto da pressão intra-abdominal, como em episódios graves de vômitos. É uma condição bastante rara, mas com alta taxa de mortalidade, sendo considerada uma emergência médica.

Síndrome de Boerhaave – uma condição rara, mas potencialmente fatal

A Síndrome de Boerhaave é uma condição rara e potencialmente fatal caracterizada pela ruptura espontânea do esôfago. Esta ruptura é geralmente uma consequência de um aumento súbito da pressão intraluminal do esôfago, frequentemente associado a episódios de vômito intenso.

A síndrome é considerada uma emergência médica devido à alta taxa de mortalidade, que pode variar de 30% a 100% se não tratada adequadamente. Além disso, a ruptura esofagiana é uma condição bastante grave; dessa forma, mesmo após a melhora, o paciente deverá manter um seguimento estrito com consultas periódicas para o resto da vida.

Síndrome de Boerhaave: Como diagnosticar a Ruptura Esofágica Espontânea

Como ocorre a Ruptura Espontânea do Esôfago?

A ruptura do esôfago pode ser decorrente de 3 mecanismos:

  1. Perfuração acidental (iatrogênica – durante procedimentos médicos como endoscopia ou cirurgias).
  2. Perfuração traumática (decorrente de traumas externos – como facas; ou deglutição de objetos cortantes).
  3. Perfuração espontânea.

A ruptura espontânea do esôfago é a Síndrome de Boerhaave, e decorre da incoordenação entre o esfíncter esofágico superior e o piloro que se mantêm contraído simultaneamente.

No ato do vômito “normal”, existe um aumento abrupto da pressão gástrica decorrente de contrações abdominais para expulsão do conteúdo, ficando o piloro contraído e o esfíncter esofágico superior dilatado para que o conteúdo seja eliminado.

Na presença de incoordenação, o piloro mantém-se contraído, assim como o esfíncter esofágico superior. Com isso, há um aumento abrupto da pressão esofágica, o que acaba levando à ruptura do esôfago.

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O gatilho para isso ocorrer pode ser:

  • Vômitos incoercíveis (mais de 80% dos casos), levando à “fadiga” no centro do vômito (formação reticular lateral na medula espinhal), possibilitando essa incoordenação.
  • Efeito de bebidas alcoólicas no centro do vômito, possibilitando essa incoordenação.
  • Efeito local de regurgitação ácida, possibilitando essa incoordenação.
  • Outras causas: neoplasia de esôfago; linfoma; leiomioma; infecções esofágicas; aneurisma de aorta etc.

 

O diagnóstico precoce é crucial, mas pode ser desafiador

O quadro clássico é a Tríade de Mackler: vômito + dor em região torácica inferior + enfisema subcutâneo.

Outros sintomas também podem estar envolvidos, como: febre, dor torácica (retroesternal), dor abdominal alta ou baixa, lombalgia, taquipneia, taquicardia, enfisema cervical subcutâneo e Sinal de Hamman (estalo no mediastino que é decorrente do coração batendo circundado por ar).

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Por ter dor torácica como um dos principais sintomas, causas cardiovasculares devem ser sempre excluídas, assim como pneumotórax.

A história geralmente está ligada com refeições copiosas/ingestão de álcool, com posterior quadro de vômitos. O médico pode solicitar inicialmente um Raio-X de tórax que poderá evidenciar pneumomediastino.

No entanto, o melhor exame é a Tomografia Computadorizada. Achados Tomográficos incluem: presença de ar e líquidos ao redor do esôfago e entre os espaços pleurais; espessamento de parede esofágica com localização de ruptura; pneumotórax; enfisema subcutâneo; alargamento mediastínico; infiltrado pulmonar.

Um outro exame possível é o esofagograma. A Endoscopia Digestiva Alta é proscrita, e pode piorar a perfuração pelo fato de exigir insuflação para a realização do procedimento.

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A Síndrome de Boerhaave tem esse nome pois foi descrita pela primeira vez em 1724 por Hermann Boerhaave que, durante a autópsia de Barão Wassenaer verificou a ruptura do esôfago. O barão comeu copiosamente, ingeriu muito álcool e em seguida provocou vômito, evoluindo para dor torácica + choque e morte.

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Referências:

Turner AR, Collier SA, Turner SD. Boerhaave Syndrome. [Updated 2023 Dec 4]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430808/

Triadafilopoulos, G. – Boerhaave syndrome: Effort rupture of the esophagus. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.

Casos Clínicos em Medicina de Emergência – 3.ed. Por Eugene C. Toy,Barry C. Simon,Katrin Y. Takenaka,Terrence H. Liu,Adam J. Rosh.

 

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