Psoríase como efeito adverso ao tratamento para Esclerose Múltipla

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Esclerose múltipla

A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória autoimune na qual as células de defesa do próprio corpo atacam axônios mielinizados do sistema nervoso central (SNC). Este ataque aos axônios pode ocorrer em diversos graus, sendo que, em cerca de 20 a 25 anos, produz deficiência física em mais de 30% dos pacientes acometidos.

A EM é uma doença com maior prevalência na América do norte e Europa, com uma incidência de 100/100.000 habitantes. Não há correlação de maior mortalidade em pacientes com a doença; entretanto, há uma redução da expectativa de vida do mesmo em cerca de 6-7 anos.

Acomete com mais frequência mulheres (2:1) e é frequentemente associada a doenças autoimunes como diabetes tipo 1 e tireoidite autoimune. Fatores de risco ambientais para o desenvolvimento da doença incluem infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV), principalmente se surgir após a infância e for sintomática. Do ponto de vista genético, há associação da doença com o gene HLA-DRB1.

Você já leu nosso post sobre “Doença de Still e imunossupressores?” Lá falamos um pouco sobre HLA!

Sinais e sintomas

Um quadro clássico da doença é a ocorrência de episódios sintomáticos, seguidos por períodos de meses ou anos sem ocorrência de sintomas, podendo tais sinais serem aparentes em diferentes localizações anatômicas.

Dentre os principais sintomas relacionados a doença se encontram:

  • Perda sensorial;
  • Sintomas medulares como cãibras musculares secundárias à espasticidade;
  • Sintomas cerebelares;
  • Tríade Charcot de disartria (varredura da fala);
  • Nistagmo e tremor de intenção;
  • Neurite óptica;
  • Neuralgia do trigêmeo;
  • Fraqueza facial bilateral;
  • Intolerância ao calor, depressão.

A doença possui 4 categorias principais, sendo elas:

  1. MS recorrente-remitente (RRMS) – aproximadamente 85% dos casos;
  2. MS progressivo secundário (SPMS);
  3. MS progressivo primário (PPMS);
  4. MS progressiva recorrente (PRMS).

Veja o esquema abaixo, no qual os picos representam os surtos:

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O diagnóstico é clínico, mas exames complementares podem ser realizados. Os critérios de McDonald auxiliam no diagnóstico.

Tratamento

O tratamento depende da fase que o paciente se encontra, e se está em surto ou não. Em surto, o objetivo é tirar o paciente da crise, e não modificar o curso da doença, enquanto na manutenção as terapias com modificadores de doença são indicadas.

Por conta do potencial imunomodulador, a utilização de terapias de depleção de células B resulta em alguns efeitos colaterais indesejados. E um estudo recente identificou que a utilização de determinados medicamentos para tratar a EM podem aumentar o risco dos pacientes de desenvolverem psoríase.

 

Esclerose Múltipla e Psoríase

A psoríase é uma doença inflamatória autoimune crônica da pele, caracterizada por pápulas eritematoescamosas. Cerca de 2% da população é acometida pela doença, com pico da doença entre os 20-40 anos. A etiologia ainda é desconhecida, mas um dos fatores associados é a genética e alterações no HLA.

Algumas semelhanças com a esclerose múltipla não é mesmo?

Foi o que pensou o neurologista do Medical College of Wisconsin Dr. Ahmed Obeidat, que iniciou os estudos em imunomodulação depois de observar incidência de psoríase em pacientes que utilizavam Ocrelizumabe.

Cerca de 30% dos pacientes em uso de Ocrelizumabe apresentavam psoríase como efeito adverso. Quando avaliado o uso de Rituximabe, os valores são ainda mais alarmantes – a psoríase representou aproximadamente 65% de todas as notificações adversas cutâneas.

Mesmo com um baixo número de casos, o médico argumenta que pode haver uma subnotificação de casos, por meio da premissa de que “doença autoimune gera doença autoimune”.

 

 

Os dados para a associação entre ambas as doenças ainda não são robustos e claros o suficiente para direcionar condutas clínicas. Porém, vale o alerta para o acompanhamento dos pacientes em tratamento com medicamentos imunomoduladores.

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Referências:

DOTINGA, Randy. Tratamento da esclerose múltipla aumenta risco de psoríase? 2021.

LUZZI, Christopher. Multiple Sclerosis. 2021.

LERAY, Emmanuelle et al. Epidemiology of multiple sclerosis. Revue neurologique, v. 172, n. 1, p. 3-13, 2016.

 

 

 

 

 

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