Filsuvez: novo tópico aprovado pela FDA para Epidermólise Bolhosa

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No fim do ano passado, a Food and Drug Administration (FDA) concedeu aprovação ao gel tópico Filsuvez para o tratamento da epidermólise bolhosa. A droga é o primeiro tratamento aprovado para feridas associadas à epidermólise bolhosa juncional, uma forma rara e moderada da doença com bolhas que começam na infância.

Filsuvez: novo tratamento tópico aprovado pela FDA

A Food and Drug Administration (FDA) concedeu aprovação ao gel tópico de triterpenos de bétula, conhecido como Filsuvez, para o tratamento da epidermólise bolhosa (EB), conforme anunciado pela Chiesi Global Rare Diseases.

O gel tópico de triterpenos de bétula é composto por extrato seco de duas variedades de casca de bétula. Essa casca contém triterpenos naturais, tais como betulina, ácido betulínico, eritrodiol, lupeol e ácido oleanólico.

A referida aprovação delimita o uso do gel para o tratamento de feridas de espessura parcial em pacientes adultos e pediátricos, com idade mínima de 6 meses, portadores de epidermólise bolhosa distrófica (EBD) e epidermólise bolhosa juncional (EBJ).

O gel tópico representa o primeiro tratamento aprovado especificamente indicado para EBJ, uma forma rara e moderada da EB que se manifesta com a formação de bolhas desde a infância.

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Estudo EASE

O respaldo para a aprovação foi obtido por meio do ensaio clínico internacional randomizado de fase III denominado EASE, que comparou o gel de triterpenos de bétula com um gel de controle (placebo) em 223 pacientes com EB, abrangendo 156 pacientes pediátricos.

O estudo evidenciou que 41,3% dos pacientes submetidos ao tratamento com o gel ativo atingiram o fechamento completo inicial da ferida-alvo em 45 dias, em contraste com 28,9% do grupo controle (p-valor = 0,013).

Eventos adversos foram registrados em proporções semelhantes entre os pacientes dos dois grupos de tratamento, sendo os mais frequentes prurido e dor no local da aplicação da ferida (7,3%).

A aprovação desse medicamento é um marco no tratamento da EB, visto que a doença é de difícil controle e traz morbidade importante aos doentes.

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Revisando a Epidermólise Bolhosa

 

Fisiopatologia

A epidermólise bolhosa (EB) caracteriza-se por um grupo de doenças genéticas raras da pele, caracterizadas pela fragilidade da epiderme, levando à formação de bolhas e lesões na pele e membranas mucosas.

A doença geralmente segue uma herança autossômica dominante, sendo a mutação transmitida mesmo quando apenas um dos genitores é afetado. Entretanto, em outros casos, a condição resulta de mutações genéticas espontâneas, ocorrendo em indivíduos sem antecedentes familiares da doença. Em circunstâncias raras, a EB segue um padrão autossômico recessivo.

Os principais subtipos da doença podem ser atribuídos a mutações em genes que codificam as proteínas queratina 5 e queratina 14. Estas proteínas desempenham um papel crucial na aderência entre a derme e a epiderme, conferindo resistência e robustez à camada externa da pele, a epiderme.

No entanto, as mutações genéticas comprometem a formação de redes estáveis entre essas proteínas, resultando na fragilização das células epidérmicas, tornando-as menos resilientes e propensas à formação fácil de bolhas. Essa fragilidade decorre da ausência de união efetiva entre as camadas dérmica e epidérmica.

Filsuvez: novo tópico aprovado pela FDA para Epidermólise Bolhosa

Tipos de epidermólise bolhosa

Existem quatro tipos principais de EB, de acordo com o nível de clivagem do tecido e a formação de bolhas em relação à zona da membrana basal da pele:

  1. Epidermólise bolhosa simples: epiderme.
  2. Epidermólise bolhosa juncional: lâmina lúcida da zona da membrana.
  3. Epidermólise bolhosa distrófica: sublâmina densa (derme superior, logo abaixo da lâmina densa da zona da membrana basal).
  4. Síndrome de Kindler: variável intraepidérmica ou subepidérmica.

A forma simples é o tipo mais comum e mais leve, ocorrendo em cerca de 80% dos casos.

 

Sinais e sintomas

O sintoma predominante consiste na formação de bolhas dolorosas em todo o corpo, especialmente nas áreas das mãos, braços, cotovelos, pés e joelhos. As regiões de dobras ou extremidades corporais demonstram maior sensibilidade, resultando em lesões mais pronunciadas, as quais limitam os movimentos corporais.

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Nos casos mais severos da doença, as bolhas podem estender-se para a cavidade oral e o esôfago, acarretando dificuldades na ingestão alimentar. A complicação na alimentação infantil, associada a problemas na absorção de nutrientes, pode resultar em quadros graves de desnutrição que, se não tratados de maneira oportuna, podem levar a óbito rapidamente.

Ainda, as feridas, a depender da gravidade, são extremamente dolorosas e de difícil cicatrização. Naquelas de maior extensão pode haver desequilíbrios hídricos e perdas proteicas. As lesões cutâneas podem infectar e as infecções podem se tornar sistêmicas. A atrofia de mãos e pés e a perda de unhas são ocorrências comuns.

Apesar de se tratar de uma patologia rara e grave, é importante salientar que a epidermólise bolhosa não é contagiosa. Portanto, a criança afetada pode frequentar a escola normalmente, com exceção de algumas atividades físicas que requerem autorização do médico responsável pelo acompanhamento da criança.

 

Diagnóstico

A suspeita diagnóstica é pelo quadro clínico. História familiar pode indicar o modo de herança e, portanto, o tipo possível.

O diagnóstico dos tipos e subtipos específicos ocorre na biópsia e na imunofluorescência ou na microscopia eletrônica de uma bolha recém-induzida (não das palmas das mãos ou das solas dos pés) e análise de mutação genética em uma amostra de sangue.

A imunofluorescência ou a microscopia eletrônica determinam o nível de clivagem e da formação das bolhas. O teste genético geralmente é feito para confirmar o tipo específico de doença e orientar o aconselhamento genético.

Filsuvez: novo tópico aprovado pela FDA para Epidermólise Bolhosa

Referências:

NEWS.MED.BR, 2024. Tratamento tópico para epidermólise bolhosa obtém aprovação da FDA. Disponível em: https://www.news.med.br/p/pharma-news/1463237/tratamento-topico-para-epidermolise-bolhosa-obtem-aprovacao-da-fda.htm. Acesso em: 29 jan. 2024.

CHIESI GLOBAL RARE DISEASES. Chiesi Global Rare Diseases Receives FDA Approval for FILSUVEZ® (birch triterpenes) topical gel for the Treatment of Epidermolysis Bullosa. December 19, 2023.

BEGA, Aline Gabriela et al. Epidermólise bolhosa: revisão de literatura. Anais Eletrônico, IX EPCC–Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar, 2015.

FILSUVEZ® (birch triterpenes) topical gel. HIGHLIGHTS OF PRESCRIBING INFORMATION.

Johannes S Kern, et al. Efficacy and safety of Oleogel-S10 (birch triterpenes) for epidermolysis bullosa: results from the phase III randomized double-blind phase of the EASE study, British Journal of Dermatology, Volume 188, Issue 1, January 2023, Pages 12–21, https://doi.org/10.1093/bjd/ljac001

 

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