Febre de Oropouche: Brasil lidera o número de casos, com 3 mortes registradas

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Desde janeiro de 2024, já foram registrados mais de 8 mil casos de febre de Oropouche nas Américas. O Brasil lidera o número de casos em 2024 (7.284), com 21 estados brasileiros afetados, e incluindo 3 mortes – os primeiros casos de óbito por febre de Oropouche já relatados.

Febre de Oropouche é responsável por 3 mortes no Brasil

A Febre de Oropouche é uma zoonose causada pelo arbovírus Oropouche (OROV), transmitido pela picada de artrópodes hematófagos. O principal vetor do vírus é o mosquito Culicoides paraenses (maruim ou mosquito-pólvora).

O vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960 (em bicho-preguiça), e o primeiro surto ocorreu em 1961 em Belém, infectando cerca de 11 mil pessoas. Desde então, os casos eram esporádicos ou com surtos autolimitados, especialmente na região amazônica (considera região endêmica) – até esse ano.

Desde janeiro, mais de 8 mil casos já foram registrados nas américas, sendo 7284 só no Brasil. Recentemente, duas mulheres jovens (21 e 24 anos de idade) vieram à óbito na Bahia, em decorrência da febre de Oropouche. Além disso, o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte fetal pelo vírus – evidenciando sua transmissão vertical.

febre de oropouche

Como ocorre a transmissão?

O vírus Oropouche (OROV) apresenta 2 ciclos de transmissão: urbano e silvestre.

No ciclo urbano, o vetor principal é o mosquito (Culicoides paraenses) – necessariamente as fêmeas, que precisam de refeições de sangue para sustentar a produção e maturação dos ovos. Após o período de multiplicação viral, o mosquito pode transmitir o vírus para outro humano, na picada. Ou seja, humano -> mosquito -> humano.

Já no ciclo silvestre, os hospedeiros são bichos-preguiça, primatas não-humanos, aves silvestres e roedores. Em alguns casos, o vírus já foi isolado de mosquitos silvestres. Os humanos (quando vão para florestas) poderiam ser um elo entre o ciclo silvestre e o urbano.

Recentemente, surgiram os primeiros relatos de transmissão via transplacentária do vírus Oropouche.

febre de oropouche mosquito

Como identificar um paciente com febre de Oropouche?

Os sintomas da condição são inespecíficos, e muito semelhantes a outras arboviroses, como Dengue, Zika e Chikungunya.

Em 3-8 dias da picada, o paciente pode apresentar febre alta de início súbito, mialgia e artralgia, mal-estar geral, dor de cabeça e dor retro-orbitária, com duração de 2-7 dias. Fotofobia, náuseas e vômitos estão presentes em 40% dos casos.

Outros sintomas menos comuns incluem: erupção cutânea, tontura, anorexia e fenômenos hemorrágicos (epistaxe, sangramento gengival, petéquias). Os achados laboratoriais são inespecíficos (em fase aguda, é possível observar aumento das enzimas hepáticas e leucopenia).

O diagnóstico é clínico-epidemiológico, associado à confirmação laboratorial – sorologia ou testes moleculares (RT-qPCR). Importante lembrar que a Febre de Oropouche é uma condição de notificação compulsória.

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Como tratar?

Na maioria dos casos, a condição é autolimitada. Não há tratamento específico, apenas de suporte. Orienta-se repouso e uso de sintomáticos.

Em alguns pacientes, a doença pode persistir por até 4 semanas, envolvendo astenia. É mais comum em imunocomprometidos, e quando há envolvimento do SNC (meningite, encefalite).

Medidas profiláticas são recomendadas, evitando a picada do mosquito – como roupas que cubram as partes expostas do corpo, utilizar repelentes e as casas com mosquiteiros e telas.

Febre de Oropouche: Brasil lidera o número de casos, com 3 mortes registradas


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Referências:

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses. NOTA TÉCNICA Nº 6/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS. 2024.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Oropouche.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Alerta epidemiológico Oropouche na região das Américas – 1 de agosto de 2024. 

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Oropouche: casos de transmissão de gestante para bebê em investigação no Brasil – 18 de julho de 2024.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Diretrizes para a Detecção e Vigilância de Oropouche em possíveis casos de infecção vertical, malformação congênita ou morte fetal – 17 de julho de 2024. 

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