Escore de Ranson para Pancreatite Aguda: saiba como utilizar

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Pancreatite Aguda – principal causa de internações por doença gastrointestinal

A pancreatite aguda é a principal causa de internações hospitalares relacionadas a doenças gastrointestinais e está associada a considerável morbidade e mortalidade. São várias as causas do distúrbio, sendo que colelitíase e álcool representam mais de 75% dos casos.

Em um episódio de pancreatite aguda, o pâncreas se torna muito inflamado difusamente, tendo inclusive seus tecidos próximos acometidos.

A inflamação é decorrente da lesão das células acinares, e como resultado, ocorre liberação de enzimas no próprio pâncreas – o órgão começa a se “autodigerir”. Há lesões microcirculatórias propiciando focos de necrose. Em casos mais graves, há translocação bacteriana do cólon pela perda da barreira intestinal, o que leva a um processo infeccioso.

A pancreatite aguda pode ser classificada em leve, moderada e grave. A classificação nesses níveis permite obviamente supor o prognóstico, pois quanto mais grave, pior o prognóstico.

São vários os esquemas de classificação e, dentre eles, temos o Escore de Ranson.

escore de ranson para pancreatite aguda

Escore de Ranson – o que é?

O escore Ranson é um índice desenvolvido para a estimar a mortalidade de pacientes admitidos com pancreatite. Logo, seu principal objetivo é estimar a mortalidade destes pacientes dentro de 48 horas após admissão.

Esse escore utiliza 11 critérios clínicos e fisiológicos para a determinação de sua pontuação. É um dos primeiros sistemas de pontuação para prognóstico nos casos de pancreatite aguda, desenvolvido na década de 1970.

escore de ranson para pancreatite aguda

Quando e por que utilizar?

O escore Ranson para pancreatite aguda deve ser utilizado logo na admissão do paciente e após 48 horas. É indicado para estimar a mortalidade por pancreatite, e ajuda a determinar o nível de cuidado do paciente.

Critérios e Pontuações

Como mencionamos, o escore de Ranson é composto de 11 critérios clínicos e fisiológicos.

A seguir serão descritos cada um deles bem como a pontuação atribuída para cada critério encontrado durante a avaliação de um paciente com pancreatite aguda.

No momento da admissão do paciente:

  1. Idade > 55 anos?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  2. LDH > 350 U/L?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  3. AST > 250 U/L?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  4. Leucometria > 16.000/mm³?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  5. Glicose > 200 mg/dL?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos

 

Após 48 horas:

  1. PO 2 < 60 mmHg?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  2. Déficit de base < -4 mEq/L?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  3. Necessidades de fluido > 6.000 mL?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  4. Diminuição ≥ 10% no Hto?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  5. Aumento ≥ 5 mg/dL no BUN, apesar da Hidratação Venosa?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos
  6. Ca 2+ < 8 mg/dL?
    1. Sim: +1 ponto
    2. Não: 0 pontos

 

E como interpretar? Quais os próximos passos?

Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 4 categorias. Assim, temos:

 

Estratificação de risco em 4 categorias:

  1. Pontuação total 0-2 – Taxa de mortalidade (1%)
  2. Pontuação total 3-4 – Taxa de mortalidade (15%)
  3. Pontuação total 5-6 – Taxa de mortalidade (40%)
  4. Pontuação total > 7 – Taxa de mortalidade (100%)

É importante ressaltar que quanto maior a pontuação, maior a taxa de mortalidade.

Como próximos passos, saber que valores do escore maiores que 2 pontos indicam provável pancreatite aguda grave. Deve-se considerar internação em UTI.

Lembre-se: nunca atrase os esforços de ressuscitação para realizar a avaliação de testes diagnósticos, principalmente nos casos em que o paciente se apresenta instável.

escore de ranson para pancreatite aguda

Atenção! Algumas limitações e armadilhas

Uma análise de 110 estudos constatou que o escore de Ranson é um mau preditor de gravidade. Seu desempenho não foi melhor do que o julgamento clínico.

Além disso, o escore BISAP utiliza menos variáveis ​​do paciente e é provavelmente tão preciso (ou talvez mais preciso) quanto o escore de Ranson.

Estar atento que o escore de Ranson apresenta especificidade e sensibilidade limitados.

Quem foi o autor principal do trabalho que deu origem ao Escore de Ranson?

O escore de Ranson foi desenvolvido pelo médico John H. C. Ranson. Dr. John foi cirurgião e Diretor da Divisão de Cirurgia da NYU, e teve sua linha de pesquisa voltada para a melhora o tratamento da pancreatite.

 

Para saber mais sobre a doença e sobre o escore de Ranson, acesse o nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

 

Referências:

Ranson JH, Rifkind KM, Roses DF, Fink SD, Eng K, Spencer FC. Prognostic signs and the role of operative management in acute pancreatitis. Surg Gynecol Obstet. 1974 Jul;139(1):69-81. PubMed PMID: 4834279.

Ong Y, Shelat VG. Ranson score to stratify severity in Acute Pancreatitis remains valid – Old is gold. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2021 Aug;15(8):865-877. doi: 10.1080/17474124.2021.1924058.

 

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