O Escore de Mayo é um índice, composto por 4 critérios, desenvolvido identificar a atividade da doença em pacientes com Retocolite Ulcerativa. Veja como utilizar o escore na prática e como interpretar seus resultados.
Critérios e Pontuações do Escore de Mayo na Retocolite Ulcerativa
O principal objetivo do Escore de Mayo é avaliar a atividade da Retocolite Ulcerativa, seja a gravidade inicial ou a mudança do estado de atividade ao longo do tempo, bem como a resposta ao tratamento.
O escore é composto por 4 critérios, que devem ser utilizados durante a avaliação de um paciente com retocolite ulcerativa:
- Número de evacuações ao dia.
- Sangramento retal.
- Padrão da mucosa na endoscopia.
- Sintomas e avaliação clínica sobre a atividade da doença.
Como interpretar o Escore de Mayo?
A gravidade da doença é baseada na soma dos pontos do escore de Mayo. A maior pontuação possível é 12 e, quanto maior, mais grave é a doença. A interpretação se dá da seguinte maneira:
Pontuação entre 0 e 2: doença em remissão.
Pontuação entre 3 e 5: doença em atividade leve.
Pontuação entre 6 e 10: doença em atividade moderada.
Pontuação maior que 10: doença em atividade grave.
Vantagens e desvantagens do uso do Escore de Mayo
O escore de Mayo é uma escala que pode identificar a gravidade inicial da Retocolite Ulcerativa, assim como também permite monitorar a doença ao longo do tempo, indicando resposta ao tratamento.
No entanto, é essencial lembrar que a escala de Mayo não é um escore diagnóstico. A escala é uma medida universal e objetiva de análise da gravidade da doença. A pontuação sempre deve ser comparativa, para avaliar a evolução da doença do paciente.
Além disso, mesmo em casos nos quais a análise endoscópica não está disponível, é possível realizar a pontuação do escore. É chamada de “pontuação Mayo parcial”. A sensibilidade é mantida.
Por outro lado, um dos critérios avaliados é o julgamento médico frente ao quadro do paciente. Esse dado inclui sinais e sintomas, achados do exame físico e estado geral do paciente. O paciente precisa relatar as informações sobre evacuação e sangramento retal, o que pode ser subjetivo.
Por fim, não é possível prever intervenções com a utilização deste escore. A partir da pontuação obtida, cabe ao clínico direcionar o tratamento adequado para cada paciente, de forma individual.
Retocolite Ulcerativa: doença inflamatória intestinal que acomete cerca de 1 a cada 100.000 pessoas
A Retocolite Ulcerativa é uma doença inflamatória intestinal crônica que se inicia no reto se estendendo até o cólon em extensão variável de forma contínua. Na lesão típica, há inflamação e formação de ulcerações na mucosa da região do retocólon – daí o nome. Além disso, podem ocorrer manifestações extraintestinais, como anemia, artrite, alterações oculares, dermatológicas etc.
O objetivo inicial do tratamento para retocolite ulcerativa é buscar a remissão da atividade. Na sequência, realiza-se o tratamento de manutenção, uma vez que sem isso 80% voltam a ter atividade da doença.
São vários os esquemas de tratamento existentes que variam de acordo com hospitais/instituições, e a escolha vai depender da extensão da doença e da sua gravidade, bem como da disponibilidade da instituição.
A condição, quando bem tratada, resulta em boa qualidade de vida para o paciente, com um bom prognóstico em geral. No entanto, os pacientes com retocolite ulcerativa apresentam um risco aumentado para o desenvolvimento de adenocarcinoma intestinal, carcinoma de vias biliares, leucemias e linfomas.
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O escore de Mayo foi desenvolvido em 1987 com o objetivo de avaliar a resposta terapêutica de 87 pacientes ao ácido aminossalicílico.
Posteriormente (1994, 2013 e 2016), outros estudos avaliaram sua eficácia. Seu uso permanece uma forma de avaliação para Retocolite Ulcerativa correlacionada com a qualidade de vida, mas alguns autores questionam sua validade.
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Referências:
Schroeder KW, Tremaine WJ, Ilstrup DM. Coated oral 5-aminosalicylic acid therapy for mildly to moderately active ulcerative colitis. A randomized study. N Engl J Med. 1987 Dec 24;317(26):1625-9. doi: 10.1056/NEJM198712243172603. PMID: 3317057.
Travis SP, Schnell D, Krzeski P, Abreu MT, Altman DG, Colombel JF, Feagan BG, Hanauer SB, Lichtenstein GR, Marteau PR, Reinisch W, Sands BE, Yacyshyn BR, Schnell P, Bernhardt CA, Mary JY, Sandborn WJ. Reliability and initial validation of the ulcerative colitis endoscopic index of severity. Gastroenterology. 2013 Nov;145(5):987-95. doi: 10.1053/j.gastro.2013.07.024. Epub 2013 Jul 25. PMID: 23891974.
Lewis JD, Chuai S, Nessel L, Lichtenstein GR, Aberra FN, Ellenberg JH. Use of the noninvasive components of the Mayo score to assess clinical response in ulcerative colitis. Inflamm Bowel Dis. 2008 Dec;14(12):1660-6. doi: 10.1002/ibd.20520. PMID: 18623174; PMCID: PMC2597552.