A depressão pós-parto é um transtorno psiquiátrico que afeta 20% das mães, caracterizado por sentimentos de culpa, irritabilidade, ansiedade e desânimo, em cerca de 3-4 semanas após o parto. Em casos graves, pode haver ideação suicida e psicose puerperal. O diagnóstico é clínico, e deve ser realizado o quanto antes, visando direcionamento adequado da paciente e redução dos riscos de suicídio.
Em 1987, foi proposta a Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo, a partir de um estudo com 84 mães. Segundo os autores, a Escala de Edimburgo apresentou sensibilidade e especificidade satisfatórias, bem como boa sensibilidade para identificar mudanças na gravidade da depressão ao longo do tempo.
Veja como utilizar a escala na prática clínica.
Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo
A Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS, do inglês Edinburgh Postnatal Depression Scale) é um índice desenvolvido para auxiliar na identificação sintomas de depressão puerperal.
O principal objetivo da Escala de Edimburgo é auxiliar na identificação de depressão pós-parto, direcionando as intervenções. Também pode ser usada em caso de suspeita de psicose puerperal, para identificação de sintomas depressivos e/ou maníacos.
Vantagens e limitações
A EPDS é uma escala confiável e de fácil aplicação – a paciente pode responder ou o médico pode questionar. Além disso, é rápida; normalmente a paciente leva menos de 5 minutos para responder. Porém, aqui temos uma limitação: é autorrelatado; logo, só avalia a percepção da própria paciente quanto aos sintomas.
Além de auxiliar no diagnóstico da depressão pós-parto, também ajuda na identificação de sintomas depressivos e/ou maníacos em pacientes com suspeita de psicose puerperal. Ainda, permite avaliar mudanças na gravidade dos sintomas ao longo do tempo.
No entanto, o uso da escala não permite identificar as causas da depressão pós-parto. Ainda, embora a escala tenha valores crescentes, não identifica gravidade – ou seja, pontuações maiores não necessariamente estão associadas a casos mais graves. E se realizada nas duas primeiras semanas, pode identificar “blues puerperal” – quadro que tende a durar poucos dias. O ideal é repetir entre 6 e 8 semanas pós-parto para confirmação.
E lembrando: o uso da EPDS não substitui, em hipótese alguma, a avaliação clínica da paciente.
Como utilizar a EPDS?
A escala é composta por 10 questões que devem ser abordadas com a paciente em até 8 semanas após o parto.
Sugere-se que a escala seja entregue para a puérpera e que ela mesma responda as questões. Orienta-se: para as seguintes questões, marque qual possibilidade de resposta se encaixa melhor com seu sentimento durante a última semana.
Como interpretar?
Cada pergunta vale 0, 1, 2 ou 3 pontos. As primeiras duas questões são em ordem crescente, enquanto as demais, em ordem decrescente (3, 2, 1, 0).
A escala varia de 0 até 30, sendo:
Pontuação < 12: é muito improvável que a mãe apresente depressão pós-parto.
Pontuação entre 12 e 13: é necessário monitorar de perto pelo risco aumentado de depressão puerperal.
Pontuação > 13: é provável que a mãe apresente depressão puerperal.
E depois?
Para pacientes com depressão pós-parto diagnosticada, além da terapia cognitivo-comportamental, se faz necessário o uso de antidepressivos. Os mais utilizados são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina: fluoxetina, sertralina, paroxetina. A melhora após o início do tratamento ocorre em até 6 semanas, e o tratamento medicamentoso deve ser mantido por pelo menos 6 meses para se evitar recaídas.
Leia também: Depressão pós-parto: FDA aprova primeiro tratamento oral com resposta em 14 dias.
A amamentação pode ser mantida, desde que os cuidados sejam mantidos – visando a integridade do bebê.
Já em caso de psicose puerperal, devemos lembrar que se trata de uma emergência médica! Diante da suspeita, a intervenção deve ser adotada o mais rapidamente possível e, nesses casos, a amamentação é absolutamente contraindicada.
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Referências:
Cox, J. L., Holden, J. M., & Sagovsky, R. (1987). Detection of postnatal depression. Development of the 10-item Edinburgh Postnatal Depression Scale. The British journal of psychiatry : the journal of mental science, 150, 782–786. https://doi.org/10.1192/bjp.150.6.782.
Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS). https://med.stanford.edu/content/dam/sm/ppc/documents/DBP/EDPS_text_added.pdf