Com o passar dos anos, os critérios diagnósticos vão se atualizando com o objetivo de aumentar a sensibilidade e especificidade. Com os critérios diagnósticos do Lupus Eritematoso Sistêmico não é diferente.
Só para relembrar, o Lupus Eritematoso Sistêmico é uma Doença crônica inflamatória autoimune de caráter multissistêmico na qual existem lesões em diversos órgãos e sistemas. A palavra “lupus” deriva do latim *”lupus”* que significa “lobo”. Isso porque a doença poder fazer com que o paciente tenha uma lesão no rosto (em forma de borboleta ) que se assemelha morfologicamente às marcas brancas do focinho de um Lobo. “Eritematoso” deriva do grego e quer dizer “vermelho” – se referindo a coloração dessas lesões
Voltando ao assunto, por muito tempo se utilizou os critérios da American College of Rheumatolology (ACR) propostos em 1997. Em 2012, devido ao fato do critério diagnóstico de 1997 ser muito criticado por não incluir achados típicos, foi proposto em 2012 pela SLICC (Systemic Lupus International Collaborating Clinics) critérios mais amplos.
Mais atualmente, em 2019, a Liga Européia Contra Reumatismo (EULAR) e o American College of Rheumatology (ACR) desenvolveram novos critérios diagnósticos visando melhorar a detecção do Lupus precoce/recente, assim como melhorar a sensibilidade e especificidade no diagnóstico. Esse é justamente o que está vigente.
Os critérios diagnósticos do Lupus segundo esse critério de 2019 deve ser realizado através de passos:
1º PASSO: Critério de entrada: Obrigatoriamente deve-se ter um valor de FAN ≥ 1:80 (método de células HEp-2 ou equivalente). Se não tiver esse valor, não é considerado Lupus. Se tiver, ir para passo 2
2º PASSO: Critérios aditivos: são premissas que deverão ser levadas em conta na hora de somar os pontos (dos achados) para se ter ou não o diagnóstico:
- Não somar o ponto do critério se houver outra explicação mais plausível para o achado
- A ocorrência do achado em uma apenas ocasião já é o suficiente
- Os achados não precisam acontecer concomitantemente
- Apenas o critério de maior peso em um domínio é somado
3º PASSO: Soma dos achados Clínicos
- Domínio 1: Constitucional
- Febre (2 pontos)
- Domínio 2: Hematológico:
- Leucopenia < 4.000/mm3 (3 pontos)
- Trombocitopenia < 100.000/mm3 (4 pontos)
- Hemólise autoimune (4 pontos)
- Domínio 3: Neuropsiquiátrico
- Delirium (3 pontos)
- Psicose (3 pontos)
- Crises convulsivas (5 pontos)
- Domínio 4: Mucocutâneos
- Alopecia não cicatricial (2 pontos)
- Úlceras orais (2 pontos)
- Lupus cutâneo subagudo ou discoide (4 pontos)
- Lupus cutâneo agudo (6 pontos)
- Domínio 5: Serosite
- Derrame pleural ou pericárdico (5 pontos)
- Pericardite aguda (6 pontos)
- Domínio 6: Musculoesquelético
- Envolvimento articular (6 pontos)
- Domínio 7: Renal
- Proteinúria >0,5g/24 horas (4 pontos)
- Biópsia Renal com Nefrite Lúpica classe II ou V (8 pontos)
- Biópsia Renal com Nefite Lúpica classe III ou IV (10 pontos)
4º PASSO: Soma dos achados Laboratoriais
- Domínio 8: Anticorpos antifosfolipídeos
- Anti-cardiolipina OU anti-beta-2GP1 OU Anticoagulante Lúpico (2 pontos)
- Domínio 9: Complementos
- Baixo C3 OU baixo C4 (3 pontos)
- Baixo C3 E baixo C4 (4 pontos)
- Domínio 10: Anticorpos Específicos
- Anti-dsDNA ou Anti-Smith (6 pontos)
5º PASSO: Fazer o diagnóstico: o diagnóstico de Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é feito se tivermos TODOS os seguintes aspectos:
- Critério de entrada respeitado
- Critérios aditivos respeitados
- Soma total de pontos for ≥ 10, sendo que deve-se ter no mínimo um domínio clínico.
Observações
- Esse artigo é totalmente baseado no aplicativo wemeds disponível nas plataformas web, android e ios (iphone). Para se aprofundar no assunto, baixe o app e veja a revisão completa
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Referências Bibliográficas
