

Cistos ovarianos são estruturas preenchidas por fluidos no interior dos ovários. Podem ser de diversos tipos, desde funcionais / fisiológicos até neoplásicos.
A maioria dos cistos ovarianos são benignos, sendo um achado comum – geralmente descobertos de forma incidental durante o exame físico ou por meio de exames de imagem. A prevalência real é desconhecida, visto que muitas pacientes são assintomáticas e não diagnosticadas.
Cistos Ovarianos: Um Achado Comum e Frequentemente Benigno
Cistos ovarianos são formações anecoicas ou hiperecoicas, preenchidas por conteúdo líquido ou semissólido, localizadas no interior dos ovários.
Essas lesões podem apresentar natureza variada, incluindo cistos funcionais ou fisiológicos, bem como cistos patológicos, e tumores malignos de origem epitelial, germinativa ou do estroma sexual.
A maioria dos cistos ovarianos são benignos e autolimitados, configurando-se como achados frequentes na prática clínica, muitas vezes identificados de forma incidental durante exames ginecológicos de rotina, ultrassonografia pélvica transvaginal ou outros exames de imagem realizados por motivos diversos.
A prevalência exata dessas lesões permanece incerta, especialmente em mulheres em idade reprodutiva, dada a alta taxa de cistos assintomáticos que não chegam a ser diagnosticados. Estudos por imagem sugerem que até 20% das mulheres podem apresentar cistos ovarianos assintomáticos em algum momento da vida.
Quais são os tipos de cistos ovarianos?
De forma didática, dividimos os cistos ovarianos em cistos funcionais, patológicos e neoplásicos.
Cistos Ovarianos Funcionais
Cistos ovarianos funcionais são os mais comuns.
Cistos foliculares e cistos de corpo lúteo são considerados cistos funcionais ou fisiológicos e ocorrem durante o ciclo menstrual normal. Os cistos foliculares surgem quando os folículos não se rompem durante a ovulação, e os cistos lúteos são formados quando o corpo lúteo não regride após a fase lútea.
Tanto os cistos foliculares quanto os de corpo lúteo podem tornar-se hemorrágicos. Em geral, são assintomáticos e se resolvem espontaneamente em 70-80% dos casos.
Outros cistos funcionais são os Cistos da Teca Luteinizados – cistos foliculares luteinizados que se formam devido à estimulação excessiva por níveis elevados de gonadotrofina coriônica humana (hCG).
Estes cistos podem ocorrer em gestantes, pacientes com doença trofoblástica gestacional, gestação múltipla ou síndrome de hiperestimulação ovariana. De forma geral, regridem após a normalização dos níveis de hCG.
Ainda, cistos ovarianos neonatais e fetais podem ocorrer, resultantes da estimulação hormonal materna (gonadotrofinas). São os tumores mais comuns em fetos e recém-nascidos, com prevalência superior a 30%. A maioria é simples, com menos de 4 cm, e regride espontaneamente.
Cistos Patológicos
São cistos mais complexos, geralmente associados a doenças. É o caso dos endometriomas (ou cistos endometrióticos), que se formam quando o tecido endometrial cresce nos ovários em pacientes com endometriose.
Na síndrome dos ovários policísticos (SOP), também há presença de múltiplos folículos ovarianos. No entanto, na SOP estamos diante de uma condição endócrina complexa que tem como manifestações principais também o hiperandrogenismo e a anovulação crônica.
Por essa razão, é tratada como uma condição diferente da Policistose Ovariana – na qual não temos os achados endocrinológicos.
Cistos Neoplásicos
Os cistos neoplásicos podem ser benignos (maioria) ou malignos, e podem surgir de qualquer subtipo ovariano – epitélio de superfície, estroma, células germinativas.
Cistos Dermoides (ou Teratomas Císticos Maduros) são tumores encapsulados que contêm tecidos derivados de pelo menos duas das três camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderma) – logo, apresentam tecidos de diferentes tipos, como cabelo, pele ou dentes. Cerca de 10% dos casos são bilaterais. Geralmente são assintomáticos e benignos.
Já os cistoadenomas são tumores benignos de origem epitelial. Podem ser serosos (líquido claro; parede fina; geralmente unilocular) ou mucinosos (conteúdo espesso/mucoide; podem ser multiloculados e grandes).
Por fim, os tumores císticos malignos podem ser diversos carcinoma seroso, mucinoso, endometrioide, células claras etc. Corresponde a menos de 1% dos casos em mulheres na pré-menopausa.
Manifestações Clínicas e Diagnóstico dos Cistos Ovarianos
Com comentamos, a maioria dos cistos ovarianos são benignos e assintomáticos. São achados comuns, e muitas vezes observados em exames ocasionais.
Ainda assim, alguns casos são sintomáticos, e a clínica pode ajudar. Cada cisto ovariano apresentará uma clínica específica, mas, de forma geral, a paciente relata dor ou pressão unilateral na parte inferior do abdômen, que pode ser intermitente ou constante, com característica aguda ou em cólica.
O ciclo menstrual pode tornar-se irregular e pode ocorrer sangramento vaginal anormal. Pacientes com endometriomas podem apresentar dispareunia (desconforto na relação sexual).
Casos raros podem apresentar hemorragias ou torções ovarianas. A presença de dor súbita e intensa associada a náuseas e vômitos é um indicativo, sendo a torção uma emergência ginecológica.
O exame físico pélvico bimanual pode sugerir localização, tamanho, forma, consistência e mobilidade do ovário. Porém, costuma ser inespecífico.
O diagnóstico é confirmado com ultrassonografia transvaginal, que permite avaliar a estrutura do cisto (simples, complexo, sólido), e mede tamanho, espessura da parede, presença de septos ou material interno. Em pacientes nas quais a transvaginal não é indicada / não é possível de ser realizada, a US abdominal é indicada – porém, é menos sensível.
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Referências:
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