As crioglobulinas são imunoglobulinas anormais que possuem a capacidade de se aglomerar e precipitar quando expostas a temperaturas baixas, retornando ao seu estado líquido quando aquecidas. Essa característica é fundamental para o diagnóstico e monitoramento de diversas condições patológicas.
A presença de crioglobulinas na corrente sanguínea pode estar associada a uma série de doenças, refletindo um distúrbio subjacente. Entre as principais condições relacionadas estão a infecção por hepatite C, doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico, vasculites e artrite reumatoide, além de doenças hematológicas, como o mieloma múltiplo.
O exame de crioglobulinas é, portanto, uma ferramenta importante para investigar essas patologias, pois sua detecção pode indicar complicações, como a crioglobulinemia, que exige um acompanhamento e tratamento especializado.
O que são as Crioglobulinas?
As crioglobulinas são imunoglobulinas (isto é: IgG, IgM, IgA ou cadeias leves) anormais circulantes que podem existir na corrente sanguínea de pacientes com diversas patologias, embora possam estar presentes em pequenas quantidades em algumas pessoas saudáveis.
Essas imunoglobulinas têm esse nome pelo fato de se aglomerarem (precipitarem) quando expostas ao frio, redissolvendo quando expostas ao calor.
As crioglobulinas precipitadas podem reduzir o fluxo de sangue e bloquear pequenos vasos sanguíneos. A presença de grandes quantidades de crioglobulinas no sangue é conhecida como “crioglobulinemia“, o que é refletido por diversos achados como hematomas, erupções cutâneas, dores articulares, fraquezas, fenômeno de Raynauld.
Não só isso, as crioglobulinas podem levar a úlceras cutâneas e até mesmo a gangrena, além de poderem ativar o sistema imunológico, levando ao depósito de complexos imunológicos nos tecidos, cursando com inflamação, sangramento e coagulopatias – afetando não só a circulação, mas também órgãos como rins e fígado.
Existem 3 tipos de crioglobulinas: monoclonal, mista ou policlonal
Existem três tipos de crioglobulinas, de acordo com a sua composição (de imunoglobulinas), o que auxilia a determinar a doença subjacente:
- Tipo I (Monoclonal): é composta por apenas um único tipo de imunoglobulina produzida por uma célula clonada anormal.
Está associada à gamopatia monoclonal de significado indeterminado, macroglobulinemia de Waldenstrom ou mieloma múltiplo.
- Tipo II (Mista): é composta de duas ou mais imunoglobulinas, sendo uma delas monoclonal.
Está associada a hepatite C, outras infecções crônicas (HIV, CMV, EBV, endocardite bacteriana, afecções parasitárias), doenças autoimunes como vasculite, glomerulonefrite, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e síndrome de Sjögren.
- Tipo III (Policlonal): é composta por diversos tipos de imunoglobulinas produzidas por diversas células clonais anormais. Está associada ao mesmo espectro da tipo II – hepatite C, outras infecções crônicas, doenças autoimunes.
Quando solicitar o exame de crioglobulinas?
Solicitamos o exame de crioglobulinas em pacientes com sinais clínicos sugestivos de crioglobulinemia, como hematomas inexplicáveis, erupções cutâneas persistentes, dores articulares migratórias, fraqueza muscular generalizada, além do fenômeno de Raynaud.
Também é indicado no acompanhamento de pacientes com hepatite C, doenças proliferativas hematológicas e diversas condições autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e vasculites.
No contexto da hepatite C, vale destacar que a maioria dos pacientes com crioglobulinemia tem a infecção por este vírus, embora uma pequena parcela, inferior a 3%, dos pacientes com hepatite C desenvolvam crioglobulinemia.
Importante frisar também que o exame inicial de crioglobulinas não diferencia os tipos presentes dessa substância. Portanto, se o teste qualitativo de crioglobulinas for positivo, é fundamental proceder com a tipagem utilizando eletroforese de imunofixação, além das dosagens quantitativas das classes imunoglobulínicas IgA, IgG e IgM, a fim de classificar o tipo específico de crioglobulina presente e melhor orientar o tratamento.
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Referências:
Pagana, KD; Pagana TJ. Mosby’s Manual of Diagnostic and Laboratory Tests. 6 ed. – Elsiever – 2017.
Caquet, René. 250 exames de laboratório: prescrição e interpretação / René Caquet; tradução de Laís mEDEIROS, Bruna Steffens e Janyne Martini – 12. Ed. – Rio de Janeiro – RJ: Thieme Publicações, 2017.