Cinco anos após a pandemia de COVID-19, uma nova preocupação emerge no cenário global de saúde: o metapneumovírus humano. Recentemente, foi notificado um aumento do número de infecções por metapneumovírus humano na China, em crianças e adolescentes até 14 anos.
O HMPV pode causar uma variedade de infecções no trato respiratório, desde formas mais leves até condições graves, especialmente em crianças pequenas, idosos e indivíduos imunocomprometidos.
Veja mais sobre a infecção por metapneumovírus humano, incluindo os principais sinais e sintomas, como fazer o diagnóstico e as opções de tratamento.
Metapneumovírus humano: mais um vírus respiratório
Como citamos, o metapneumovírus humano (HMPV) é um vírus respiratório, transmitido principalmente de pessoa para pessoa por meio de gotículas respiratórias ao tossir, espirrar ou falar, além do contato com superfícies contaminadas.
O HMPV é um vírus relacionado com o Vírus Sincicial Respiratório. Anteriormente, os dois vírus faziam parte da família Paramyxoviridae, sendo subfamílias. Hoje, são dois gêneros distintos: Metapneumovirus (que inclui o HMPV) e Orthopneumovirus (que inclui o vírus sincicial respiratório).
Quais os sintomas de infecção por HMPV?
O HMPV pode causar infecções respiratórias que variam amplamente em gravidade.
Em crianças, o vírus pode causar sintomas leves, como tosse, dor de garganta, rinite, febre e chiado. É frequentemente associado a bronquiolite (59% dos casos), sendo mais comum em crianças pequenas.
Em adultos, o principal sintoma pela infecção viral é a tosse (100% dos casos). Ainda, é comum observar congestão nasal, rinorreia, dispneia, rouquidão e chiado. Em imunocomprometidos e em pacientes com comorbidades, o vírus pode causar pneumonia, bronquite e exacerbações da DPOC.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da infecção por metapneumovírus humano é clínico, e pode ser associado à confirmação laboratorial.
Durante a avaliação clínica, suspeitar principalmente em crianças pequenas com quadro gripal. Em adultos, suspeitar principalmente se forem mais velhos, com sintomas de tosse e sem identificação de patógeno causador. Ainda, sempre considerar infecção por este vírus em pacientes sintomáticos com asma ou DPOC, e em imunocomprometidos.
A avaliação laboratorial confirma o diagnóstico. O teste molecular, geralmente por painel multiplex de vírus respiratórios, detecta o material genético viral, de forma sensível e específica. Podem ser utilizadas diversas amostras: sangue, saliva, aspirado broncoalveolar.
Outras técnicas também são possíveis, como imunofluorescência direta, que detecta antígenos do vírus em células presentes em aspirados nasofaríngeos. A sorologia é pouco utilizada na rotina clínica, visto que a soropositividade é quase universal até os 5 anos de idade.
Como tratar?
Não existe um tratamento antiviral específico contra o vírus. O tratamento é geralmente suporte, focando no alívio dos sintomas. Tanto em adultos quanto em crianças, a maioria das infecções são leves e autolimitadas, com resolução em cerca de uma semana.
Em casos mais graves, especialmente em crianças pequenas ou em pacientes imunocomprometidos, pode ser necessário o uso de oxigenoterapia, ventilação mecânica ou outros cuidados hospitalares para aliviar a dificuldade respiratória e tratar complicações.
Podemos ter uma nova pandemia?
Apesar de ser menos conhecido do que outros agentes respiratórios, como o vírus sincicial respiratório ou o vírus da gripe, o HMPV tem potencial para causar surtos sazonais e complicações graves, o que desperta a atenção das autoridades sanitárias e reforça a necessidade de vigilância epidemiológica e desenvolvimento de estratégias preventivas.
No entanto, ainda que o vírus tenha potencial para causar surtos sazonais significativos e sobrecarregar os sistemas de saúde, seu risco de causar uma pandemia global ainda é baixo.
Atualmente, não existe uma vacina aprovada contra o vírus. Diversos estudos têm explorado candidatos a vacinas, mas nenhum foi licenciado até o momento. Investimentos em vacinas e terapias específicas podem minimizar ainda mais os riscos associados ao HMPV.
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Referências:
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