A arterite temporal é a vasculite sistêmica primária mais comum, com prevalência de 2 casos para cada 1000 pessoas maiores de 50 anos. Envolve comumente artérias de médio e grande calibre, com destaque para a artéria temporal.
Porém, a condição não acomete as artérias de modo contínuo, e eventualmente a biópsia pode dar negativa – o que não exclui a doença. Por isso, em 1990 foram propostos critérios diagnósticos para arterite temporal da ACR (American College of Rheumatology).
Como diagnosticar a arterite temporal?
A Arterite Temporal (ou arterite de células gigantes) é uma vasculite sistêmica idiopática de grandes vasos, que envolve comumente artérias de médio e grande calibre – principalmente ramos da artéria carótida, com destaque para a artéria temporal.
O quadro clínico vai espelhar a localização do acometimento vascular. A cefaleia ocorre em 70% dos pacientes, sendo o achado mais comum. É descrita como moderada-grave, unilateral, principalmente em território temporal.
O paciente também pode apresentar hipersensibilidade no território vascular acometido, como a região do couro cabeludo, claudicação de mandíbula, perda visual e sintomas sistêmicos – como fadiga, perda de peso, mal-estar.
Após uma anamnese e exame físico completo com sintomas compatíveis, o médico suspeitará do diagnóstico em pacientes principalmente com mais de 50 anos. Os marcadores inflamatórios como VHS e PCR estão tipicamente bastante elevados.
A confirmação é feita pela biópsia da artéria temporal, idealmente até 14 dias após o início do tratamento com corticoides.
Há presença de célula gigante incorporadas na lâmina elástica (camada fina de tecido que separa a túnica íntima da túnica média). A célula gigante, na verdade, não é uma só célula: são granulomas (grupo de monócitos agrupados e unidos) que parecem à microscopia uma única célula.
A maior limitação da biópsia é que, eventualmente, o resultado pode ser negativo, visto que a condição não acomete as artérias de modo contínuo. Nesses casos, mesmo a biópsia negativa, a doença não pode ser excluída.
Por essa razão, os critérios diagnósticos para arterite temporal da ACR foram propostos.
Critérios diagnósticos para arterite temporal da ACR
Os critérios diagnósticos para Arterite Temporal da ACR (American College of Rheumatology) é um índice desenvolvido para diagnosticar e classificar a Arterite Temporal (ou Arterite de Células Gigantes) em pacientes com suspeita da doença.
São critérios simples e de fácil utilização, com alta sensibilidade e especificidade. Auxilia principalmente para fechar o diagnóstico em casos nos quais a biópsia pode ser negativa.
O paciente apresenta alguns dos critérios a seguir?
- Idade de início > 50 anos.
- Cefaleia recente em região temporal.
- Anormalidades em artéria temporal – dolorosa à palpação e/ou diminuição do pulso.
- Velocidade de Hemossedimentação (VHS) > 50 mm/hora.
- Biópsia de artéria temporal demonstrando vasculite com infiltrado mononuclear ou células gigantes multinucleadas.
Na presença de pelo menos 3 dos 5 critérios, o diagnóstico de arterite temporal é altamente provável – sensibilidade de 93,5% e especificidade de 91,2%.
Atualização dos critérios em 2022 – ACR/EULAR
Considerando as limitações dos critérios para arterite temporal de 1990, a ACR junto com a EULAR atualizaram tais critérios. Nessa versão mais recente, a idade no momento do diagnóstico (< 50 anos) é um requisito obrigatório.
Além disso, novos marcadores foram incluídos, como a proteína C reativa, além de considerar perda visual súbita, rigidez matinal nos ombros ou pescoço, claudicação da mandíbula ou da língua etc.
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O critério diagnóstico para Arterite Temporal (células gigantes) da ACR foi desenvolvido em 1990 pelo Colégio Americano de Reumatologia, com o objetivo de diferenciar pacientes com arterite temporal de outras formas de sinovite. O estudo avaliou 807 pacientes e a presença de 3 ou mais critérios (dos 5 propostos) indicou sensibilidade de 93,5% e especificidade de 91,2%.
No estudo, também foi proposta uma classificação usando 6 critérios. Esses critérios foram os mesmos do formato tradicional, exceto que a velocidade de hemossedimentação elevada foi excluída e duas outras variáveis foram incluídas: sensibilidade do couro cabeludo e claudicação da mandíbula ou língua ou na deglutição. Essa classificação foi associada a uma sensibilidade de 95,3% e especificidade de 90,7%.
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Referências:
Hunder GG, et al. The American College of Rheumatology 1990 criteria for the classification of giant cell arteritis. Arthritis Rheum. 1990 Aug;33(8):1122-8. doi: 10.1002/art.1780330810. PMID: 2202311.
Ponte, C., Grayson, P. C., Robson, J. C., Suppiah, R., Gribbons, K. B., Judge, A., Craven, A., Khalid, S., Hutchings, A., Watts, R. A., Merkel, P. A., Luqmani, R. A., & DCVAS Study Group (2022). 2022 American College of Rheumatology/EULAR Classification Criteria for Giant Cell Arteritis. Arthritis & rheumatology (Hoboken, N.J.), 74(12), 1881–1889. https://doi.org/10.1002/art.42325
Younger DS. Giant Cell Arteritis. Neurol Clin. 2019 May;37(2):335-344. doi: 10.1016/j.ncl.2019.01.008. Epub 2019 Mar 16. PMID: 30952412.