O lipoma é uma condição muito comum no consultório médico. Aqui iremos fazer uma revisão geral de como diagnosticar e as melhores opções tratamento atual.
Definição e Epidemiologia
Definição de Lipoma: O lipoma é definido como uma tumoração benigna formada por tecido adiposo (gordura) localizada tipicamente no tecido subcutâneo (abaixo da pele). Está presente em cerca de 1% da população geral e tem pico de incidência entre os 40-60 anos de idade.
Etiologia e Fisiopatologia
O Lipoma pode ser decorrente de etiologia desconhecida (idiopática) ou associada a formas hereditárias/sindrômicas, o que inclui:
- Mutação do gene HMG 1-C
- Lipomatose Familiar múltipla
- Neoplasia Endócrino Múltipla tipo 1
- Síndrome de Gardner
- Doença de Madelung
- Síndrome de Bannayan-Riley-Ruvalcaba
- Síndrome de Proteus
Não se sabe exatamente como o Lipoma surge, embora, estudos revelam que se relaciona com um importante fator genético. Teorias defendem que a tumoração surge após um trauma local, porém não foi comprovada essa relação
- Possivelmente, alterações genéticas em células adiposas fazem com que haja a proliferação celular. Com isso, há formação de tumoração repleta de adipócitos maduros preenchidos por gordura. A tumoração é limitada à sua localização – não invade, portanto, outras estruturas – sendo uma tumoração benigna
Os Lipomas apresentam crescimento lento, sendo bem circunscritos e lobulados, podendo ser rodeados por tecido conjuntivo (encapsulado) ou difuso (sem cápsula), esse último considerado por muitos como um “falso lipoma” – ocorrendo tipicamente após um hematoma traumático
- A grande maioria dos Lipomas são formados e localizados no tecido subcutâneo (abaixo da pele). No entanto, mais raramente, é possível que ocorram em tecidos mais profundos como nos músculos, nervos, cavidade abdominal e órgãos internos.
Classificação
Histopatologicamente, os Lipomas podem ser classificados:
- Subcutâneo superficial: a grande maioria dos casos, localizado no tecido subcutâneo
- Angiolipoma: presença de proliferação capilar no interior do lipoma
- Adenolipoma: glândulas sudoríparas no interior do lipoma
- Intramuscular: infiltra a musculatura
- Pleomórfico: associação com células gigantes multinucleadas
- Hibernoma: constituição por gordura glnadular marrom
- Célula fusiforme: substituição de gordura por células formadoras de colágeno – fusiformes
Sinais e sintomas do Lipoma
Na quase totalidade dos casos, o lipoma é refletido como uma nodulação subcutânea de 1-3 cm que apresenta um crescimento bastante lento. Tipicamente são únicos, mas raramente são múltiplos. A nodulação à palpação se reflete em uma massa homogênea, indolor, com bordos regulares, mole, móvel e com uma consistência elástica. Como visto, são tipicamente indolores, embora em alguns casos, por compressão, possam levar à dor.
- A localização mais frequente é no tecido subcutâneo na metade superior do corpo: ombros, tronco, pescoço, braços
Mais raramente, é possível que ocorram em tecidos mais profundos como nos músculos, nervos,cavidade abdominal e órgãos internos.
Diagnóstico
O diagnóstico é eminentemente clínico, através da visualização e palpação do lipoma – massa homogênea, indolor, com bordos regulares, mole, móvel e com uma consistência elástica
- Em casos de dúvidas, um exame de Ultrassonografia de partes moles ou Ressonância Magnética auxilia no diagnóstico
Na manutenção da dúvida, ou suspeita de malignidade, uma biópsia deverá ser realizada
Prognóstico e Tratamento
Mesmo não tratado, o prognóstico usualmente é bom, com estabilização do tamanho. Na necessidade de seu tratamento, a taxa de recorrência varia entre 1-2%
Pacientes assintomáticos com quadro de lipoma não necessitam de tratamento: devem ser apenas orientados sobre a evolução da massa tumoral – tamanho e aspecto. O tratamento para lipomas subcutâneos é indicado nos seguintes casos:
- Incômodo estético
- Dor
- Aumento de tamanho
- Dúvida diagnóstica
Nesses casos, são 3 as opções de tratamento para a remoção do lipoma:
1) Excisão: é o padrão ouro para a retirada, sendo o tratamento de escolha tradicional.
- Procedimento ambulatorial. Sob anestesia local (p.ex Lidocaína 2% (máximo próximo de 4mg/Kg; se vasoconstritor associado máximo próximo de 7mg/kg), realiza-se uma incisão (habitualmente lâmina 11) sobre a massa tumoral, seguindo as linhas de Langer. Disseca-se a massa tumoral, e realiza-se a sua enucleação – retirada completa do lipoma. Hemostasia deverá ser realizada com eletrocautério ou ligadura; na sequência há o fechamento da ferida (p.ex na camada dérmica vicryl (2.0 ou 3.0) e monocryl (3.0 ou 4.0) para sutura intradérmica contínua. Obs1: Para lipomas maiores pode ser necessária uma incisão fusiforme. Obs2: Para múltiplos lipomas pode ser necessário que o procedimento seja realizado em centro cirúrgico com anestesia geral por exemplo. O lipoma retirado deverá ser encaminhado para análise histopatológica.
2) Liposucção: opção para lipomas pequenos ou maiores. Apresenta melhor aspecto estético, porém o risco de recorrência é maior e não fornece bom resultado histopatológico para confirmação
- Para lipomas pequenos, pode-se utilizar um jelco 16 com seringa e anestesia local. Para lipomas maiores, é necessária a intervenção em centro cirúrgico com aparelho de lipoaspiração
3) Lipólise: consiste na utilização de corticoesteroides para desencadear a lipólise. Usado para lipomas de até 2,5cm. A resposta ocorre em 3-4 semanas. A recorrência é comum, e não é possível a análise histopatológica.
Observações
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Referências Bibliográficas
- Salam GA. Lipoma excision. Am Fam Physician. 2002 Mar 1;65(5):901-4. PMID: 11898962.
- Kosztyuova T, Shim TN. Rapidly enlarging lipoma. BMJ Case Rep. 2017 Sep 23;2017:bcr2017221272. doi: 10.1136/bcr-2017-221272. PMID: 28942406; PMCID: PMC5747774.
- Rotunda AM, Ablon G, Kolodney MS. Lipomas treated with subcutaneous deoxycholate injections. J Am Acad Dermatol. 2005 Dec;53(6):973-8. doi: 10.1016/j.jaad.2005.07.068. Epub 2005 Oct 19. PMID: 16310057.