A Escala de Coma de Glasgow é um índice desenvolvido para a identificação e estratificação da gravidade do coma de pacientes que sofreram traumatismo craniano.
Veja como utilizar esse escore e interpretar seus resultados.
Escala de Glasgow: critérios, pontuação e interpretação
A Escala/Escore de Coma de Glasgow GCS (Glasgow Coma Scale/Score) é um índice desenvolvido para quantificar o nível de consciência em pacientes que sofreram traumatismo craniano.
A utilização do escore Glasgow auxilia nas previsões de resultados neurológicos (complicações, recuperação prejudicada) e mortalidade. Embora a principal indicação seja avaliar o nível de consciência em pacientes que sofreram traumatismo craniano, a escala também pode ser utilizada em avaliações de pacientes com coma de causas médicas ou cirúrgicas.
A escala anteriormente era composta por 3 critérios clínicos: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora.
A partir de 2018 o escore foi atualizado, e agora conta com 4 critérios clínicos a serem utilizados durante a avaliação de um paciente – incluindo também a reatividade pupilar. É importante sempre utilizar a melhor resposta apresentada pelo paciente em cada critério avaliado.
Caso o paciente não possa ser testado em um ou mais critérios, o escore não poderá ser calculado. Porém, ainda não há um consenso quanto a obrigatoriedade do critério de resposta pupilar, sendo este à critério médico.
E como interpretar?
Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 3 categorias. Assim, temos:
Pontuação total 13-15: Nível leve do trauma.
Pontuação total 9-12: Nível moderado do trauma.
Pontuação total 3-8: Nível grave do trauma.
Pontuação total < 3: Coma.
É importante ressaltar que quanto menor a pontuação, maior o grau de coma do paciente.
Atenção!
A Escala de Glasgow apresenta importantes limitações, como a impossibilidade de avaliação adequada em pacientes com dificuldades na expressão verbal e na incapacidade do teste de avaliar os reflexos do tronco encefálico. Caso não seja possível avaliar qualquer um dos critérios, não é possível utilizar o escore.
Quais os próximos passos?
Após a avaliação do paciente, em caso de resultado ≤ 8: sugere nível de obnubilação, o que pode indicar a necessidade de intubação. Porém, não se deve usar o escore isoladamente para essa tomada de decisão.
Lembre-se: a história clínica deve ser levada em consideração para adoção de medidas terapêuticas.
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A escala de Glasgow foi desenvolvida a partir de um estudo em 1974 no Instituto de Ciências Neurológicas de Glasgow – daí o nome. Foi feita uma importante validação em 2006, na qual a escala foi aplicada em 20.494 pacientes com registros de trauma em três centros urbanos de trauma de nível I na província de Quebec, Canadá. Os componentes da escala foram avaliados em modelos de preditores de mortalidade hospitalar com medidas de discriminação e calibração.
Em 2018, Brennan e colaboradores propuseram a “GCS-Pupils score”, ou o escore de Glasgow incluindo a responsividade pupilar. Nesse sentido, a avaliação do paciente se tornou mais sensível e específica.
O escore Glasgow foi inicialmente desenvolvido pelo médico Bryan Jennett. Sua linha de pesquisa foi focada no prognóstico após traumatismo craniano e critérios para morte cerebral. Dr. Bryan foi neurocirurgião, professor de neurocirurgia e reitor de medicina da Universidade de Glasgow, na Escócia.
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Referências:
Teasdale G, Jennett B. Assessment of coma and impaired consciousness. A practical scale. Lancet. 1974 Jul 13;2(7872):81-4. DOI: 10.1016/s0140-6736(74)91639-0
Moore L, et al. Statistical validation of the Glasgow Coma Score.J Trauma. 2006 Jun;60(6):1238-43; discussion 1243-4. DOI: 10.1097/01.ta.0000195593.60245.80
Reith FC, et al. The reliability of the Glasgow Coma Scale: a systematic review. Intensive Care Med. 2016;42(1):3-15. DOI: 10.1007/s00134-015-4124-3
Thompson DO, et al. Validation of the Simplified Motor Score in the out-of-hospital setting for the prediction of outcomes after traumatic brain injury. Ann Emerg Med. 2011 Nov;58(5):417-25. doi: 10.1016/j.annemergmed.2011.05.033. Epub 2011 Jul 30.
Brennan, P. M., et al. (2018). Simplifying the use of prognostic information in traumatic brain injury. Part 1: The GCS-Pupils score: an extended index of clinical severity, Journal of Neurosurgery JNS, 128(6), 1612-1620. https://doi.org/10.3171/2017.12.JNS172780